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CASO CC-5
Relacionado em laudo da PF, Paulo Konder diz que usou casa de câmbio para enviar US$ 58 mil ao exterior; lei proíbe operação
Irmão de Bornhausen admite uso de doleiro
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O irmão do senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), 65, o advogado Paulo Konder Bornhausen, 75,
reconheceu ontem que enviou
por meio de um doleiro de Florianópolis (SC) US$ 58 mil entre
abril de 1996 e dezembro de 1997
para uma conta sua no Banco do
Brasil de Nova York.
Paulo Konder autorizou seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, a explicar que fez as
remessas por meio de um doleiro
chamado "Wilson", da casa de
câmbio de Florianópolis (SC)
Centaurus Câmbio e Turismo.
O advogado disse que o dinheiro tem origem lícita e que as contas foram declaradas à Receita Federal. Solicitado pela reportagem,
negou-se a mostrar a declaração
de imposto de renda do cliente.
Konder, segundo o advogado, teria usado o dinheiro em viagens.
A lei federal 7.492/86 diz ser crime de evasão de divisas "efetuar
operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do país". A lei prevê
que o remetente pode escapar da
acusação caso tenha declarado a
operação "à repartição federal
competente".
Localizado pela Folha ontem, o
responsável pela Centaurus, que
se identificou como "Wilson José", negou ter feito qualquer remessa para Bornhausen ou outra
pessoa. "Wilson" disse que trabalha no local há dez anos e só conhece o nome Bornhausen "pelo
que sai na TV".
O advogado afirmou que a negativa do doleiro "foi a esperada".
"Ele não quer admitir que fez alguma coisa errada."
Os documentos apreendidos
pela Polícia Federal no Banestado
(Banco do Estado do Paraná) de
Nova York indicam que o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC),
65, teria enviado US$ 16 mil, dos
US$ 58 mil registrados no banco.
A remessa ocorreu em 1º de abril
de 1996 por meio da empresa
"offshore" Sunfox, sediada nas
Ilhas Virgens Britânicas, cujos donos são desconhecidos.
Paulo Konder disse ontem que
todas as remessas foram feitas por
ele, nenhuma pelo seu irmão. A
conta bancária anotada na ficha
do Banestado como sendo de Jorge pertenceria na verdade a Konder, de acordo com o irmão do senador. Ele orientou a reportagem
a receber "todas as explicações
necessárias" com seu advogado.
Segundo Antonio Carlos de Almeida Castro, houve seis remessas entre abril de 1996 e dezembro
de 1997 (período coberto pela investigação da PF).
Em todos os casos, Paulo Konder teria agido do mesmo modo:
entregou o dinheiro, em espécie,
para o doleiro "Wilson", que se
encarregou de trocar os reais por
dólares e enviá-los por contas CC-5 (para não residentes) a uma
conta de Paulo Konder em Nova
York. Antes do Banco do Brasil, o
dinheiro passou pelas contas das
empresas "offshore" Baneast International Finance e Guildford
Assets Ltd., além da Sunfox, no
Banestado de Nova York.
A Baneast e a Sunfox têm os
mesmos procuradores nos documentos de abertura das contas do
Banestado: Marco Vendrametto e
Afonso Celso Braga (a Sunfox registra um terceiro procurador,
Telmo A. Picanço).
De acordo com o advogado de
Konder, "deve ter ocorrido erro"
no preenchimento dos papéis que
indicam o senador como destinatário do dinheiro. Ele preferiu não
atribuir a ninguém o erro.
Os documentos sobre as remessas de Konder Bornhausen foram
encontrados na agência por uma
equipe da PF que investiga um
grande esquema de lavagem de
dinheiro.
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