São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Em Alagoas, presidente reclama de "desfaçatez" de políticos regionais que dizem ser suas obras feitas com dinheiro da União

Presidente cobra paternidade de programas

CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A ARAPIRACA (AL)

No primeiro dia da jornada de eventos do qual participa nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem a paternidade das obras que está inaugurando pelo país e criticou a "desfaçatez" de políticos que tentam capitalizar gastos feitos pela União em suas regiões.
"Muitas vezes você passa por uma cidade ou um Estado, a obra está sendo feita com o dinheiro do governo federal e, com a maior desfaçatez, o político vai para a TV dizer que a obra é dele."
As declarações foram feitas a cerca de 4.000 pessoas em um ginásio em Arapiraca (AL), durante o lançamento da pedra fundamental da unidade da Universidade Federal de Alagoas na cidade.
O governo já liberou cerca de R$ 6,2 milhões para as obras, que integram o programa de Interiorização do Ensino Superior. As aulas na unidade devem ser iniciadas, parcialmente, em agosto.
Lula cobrou os opositores após ouvir elogios nos discursos do prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa (PMDB), que foi ministro da Integração Nacional no governo FHC, e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por conta das liberações de verba para o Estado e a cidade. "Ninguém, em nenhum momento da história, ajudou Alagoas como o presidente Lula", disse Renan, da ala governista do PMDB.

"Mentiras"
Às vezes interrompido por gritos de apoio à sua reeleição, Lula afirmou, sem citar nomes, que soube de um deputado que, em carta a um prefeito, dizia ter conseguido verbas do programa Luz para Todos para a cidade. "E não dizia que 85% do dinheiro do programa é federal", disse o presidente. "Só poderemos fazer mais coisas se não houver mentiras entre a gente", disse Lula.
Além das viagens do presidente pelo país, nas quais tenta reforçar a imagem de programas e obras bancados pela União, o governo investiu em propagandas regionalizadas sobre suas realizações.
Antes de concluir seu discurso, o presidente afirmou que pretende voltar a Arapiraca para o início das aulas em agosto, "se a legislação eleitoral não proibir". Questionado após o discurso se teme uma ação da Justiça Eleitoral por conta dos eventos dos quais está participando, o presidente alegou estar agindo dentro da lei. "A lei me garante inaugurar [obras] até 31 de dezembro se eu não for candidato", disse.
Também participaram do evento em Arapiraca o ministro da Educação, Fernando Haddad, o ex-ministro da pasta Tarso Genro e dezenas de prefeitos da região.

Ministros
Coordenador político do governo, o ministro Jaques Wagner disse ontem em Petrolina (PE) que a partir de amanhã Lula começará a chamar os ministros que tendem a deixar os cargos até abril para disputar as eleições.
Wagner disse que, até o fim de março, entre cinco e seis ministros devem ser substituídos. Um deles é ele próprio, que afirma que sua "tendência" é disputar mais uma vez o governo baiano.


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