|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CPI DOS CORREIOS
Segundo relatório, aplicações cresceram em 9 dos 14 fundos analisados; para petista, foi tendência
BMG e Rural receberam mais de fundos em 2004, diz CPI
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Fundos de pensão federais investigados pela CPI dos Correios
tiveram forte concentração de
aplicações, em 2004, nos bancos
BMG e Rural. Dos 14 fundos que
tiveram suas contas inicialmente
analisadas pela CPI, nove elevaram seus investimentos de
R$ 48,82 milhões, em 2003, para
R$ 533 milhões no ano seguinte.
Os dados foram apresentados
ontem pelo deputado ACM Neto
(PFL-BA), sub-relator da CPI, que
considerou as aplicações "um inequívoco direcionamento" para
"compensar" os bancos pela participação no esquema do empresário Marcos Valério de distribuição de recursos ao PT e aliados.
As conclusões e os números
apresentados por ACM Neto foram contestados pela líder do PT
no Senado, Ideli Salvati (PT-SC).
Ela apresentou levantamento
em que a Secretaria de Previdência Complementar constatou que
fundos privados e de empresas
públicas estaduais aplicaram em
2004, nos dois bancos, mais do
que os federais, o que representaria um movimento de mercado.
Segundo o relatório do deputado, alguns fundos nem sequer tinham investimentos no Rural e
no BMG até 2002, vindo a comprar CDBs (Certificados de Depósito Bancário) ou cotas de fundos
de investimento das duas instituições só entre 2003 e 2004. Foi o caso de Funcef (Caixa Econômica
Federal), Nucleos (estatais nucleares), Portus (portuários) e
Previ (Banco do Brasil), que aplicaram em títulos dos bancos pela
primeira vez em 2004, quando
compraram R$ 84,7 milhões.
"Há uma relação direta dos fundos de pensão com esses dois
bancos envolvidos no esquema
do senhor Marcos Valério", disse
ACM Neto, que fez um paralelo
entre as aplicações nos bancos e
os saques nas contas da SMPB e
DNA, as agências que Valério
usou para distribuir o dinheiro.
Os saques somaram cerca de
R$ 55 milhões entre janeiro de
2003 e dezembro de 2004.
O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), concordou com as conclusões. "Estamos falando de números, e eles
falam por si mesmo", disse.
Professora de matemática, Ideli
argumentou que os números "podem ser ajustados" segundo interesses de quem os manipula.
Segundo o levantamento mostrado pela senadora, cerca de 70
fundos, a maioria privados e estaduais, aumentaram as aplicações
no BMG e no Rural em 2004.
ACM Neto rebateu dizendo que
só tinha como analisar os 14 fundos que tiveram a quebra de sigilo
autorizada pela Justiça.
"O convencimento [sobre a relação das aplicações dos fundos
com as saques das contas de Valério] é o convencimento político,
porque matemático não tem sustentação", disse a senadora.
Dos 14 fundos analisados, Prece
(Cedae) e Sistel (Sistema Telebrás) foram excluídos. O primeiro
por ter tido seu sigilo impedido de
ser usado devido a uma liminar
concedida pelo STF e por ser um
fundo estadual. O segundo, por
ser hoje privado. Também investiram no BMG e no Rural Eletros
(Sistema Eletrobrás), Real Grandeza (Furnas), Petros (Petrobras),
Postalis (Correios) e Serpros (Serpro). Portus (portuários), Geap
(servidores federais) e Refer (ferroviários) não tinham investimentos no Rural e no BMG.
Texto Anterior: Elio Gaspari: O carnaval dos camarotes W, X, Y e Z Próximo Texto: Outro lado: Conclusões de ACM Neto são ilações, diz Rural Índice
|