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Bush monta "Estado-Maior" do etanol para visita ao Brasil
Jeb Bush, irmão do presidente, fará contatos com empresários dos dois países
Comitiva americana deve se reunir com Dilma, Amorim, José Serra e Fiesp; segundo interlocutores, queda de tarifa não será negociada
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Nas últimas semanas, o presidente George W. Bush e equipe vêm montando um verdadeiro "Estado-Maior" do etanol
em preparação à visita do norte-americano ao Brasil, em 8 e 9
de março, e à ida do presidente
Lula aos EUA no final do mesmo mês. No comando da parte
não-governamental da operação está seu irmão mais novo,
Jeb, que não participará da viagem oficial, mas deve ir a São
Paulo após a ida de Bush.
Jeb Bush foi governador da
Flórida por dois mandatos, até
dezembro. Uma vez considerado candidato natural à sucessão do irmão, o republicano
adiou seus planos e só deve
pensar em concorrer à presidência a partir de 2012. Enquanto isso, fará do etanol sua
bandeira e se dedicará a fazer
sair do papel os acordos bioenergéticos entre Brasil e EUA
que os dois países devem anunciar no final de março.
A idéia é que Jeb e sua Interamerican Ethanol Comission façam a ponte entre empresários
do setor dos dois países. A comissão interamericana do etanol foi criada em dezembro e é
comandada pelo republicano,
pelo ex-ministro da Agricultura de Lula, Roberto Rodrigues,
e pelo colombiano Luís Alberto
Moreno, presidente do BID.
George W. Bush não deve
anunciar acordos em sua visita
a São Paulo, parte de uma viagem maior à América Latina
que inclui Uruguai, Colômbia,
Guatemala e México. As ações
concretas ficarão mesmo para a
vinda de Lula aos EUA, prevista
para acontecer em 31 de março
em Camp David, casa presidencial no Estado de Maryland, vizinho a Washington.
Diplomacia
Entre governos, a Casa Branca deve ter como interlocutora
a ministra-chefe da Casa Civil,
Dilma Rousseff. A parte diplomática dos acordos ficará a cargo do recém-empossado embaixador brasileiro em Washington, Antonio Patriota, que
apresenta suas credenciais no
dia 27, e Nicholas Burns, número 3 do Departamento de Estado norte-americano; ambos são
bons amigos e se encontraram
diversas vezes para falar do assunto nos últimos meses.
Bush chega a São Paulo com a
primeira-dama, Laura, e a secretária de Estado, Condoleezza Rice. Traz ainda Thomas
Shannon, responsável da chancelaria norte-americana pela
América Latina, e Gregory Manuel, coordenador internacional de energia e conselheiro especial de Rice para o assunto.
Recém-contratado pelo departamento, Manuel é uma das figuras-chave na área governamental do "Estado-Maior" do
etanol do governo Bush.
Foi ele quem disse que a queda da tarifa de exportação de
US$ 0,54 por galão do combustível cobrada ao Brasil pelos
EUA está fora de cogitação. "O
tema das tarifas não está na
mesa de negociações", disse anteontem, em palestra no evento
"Etanol, Biodiesel e a Revolução dos Biocombustíveis", no
Brazil Institute do Wilson Center, em Washington.
No Brasil, Bush e comitiva se
encontram com Lula, Marisa, o
chanceler Celso Amorim, a ministra Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, José
Serra, de quem o presidente
americano ouviu elogios saídos
da boca de Nicholas Burns.
Também estão previstos encontros da comitiva com a direção da Fiesp e da Única, que
reúne representantes da indústria da cana-de-açúcar.
A agenda final do republicano está sendo fechada e deve
ser limitada por questões de segurança e de locomoção da comitiva, mas é quase certo que
ele faça um gesto simbólico que
demonstre a boa vontade com o
etanol brasileiro. Entre as possibilidades, estão visita a uma
usina, uma montadora ou uma
estação de biocombustível.
Entre as usinas, a equipe de
Bush ouviu boas referências sobre São Martinho. O fato de estar na região de Ribeiro Preto, a
mais de 300 quilômetros de
São Paulo, pode inviabilizar a
visita. Outra hipótese seria ir a
uma montadora americana que
fabrique veículos bicombustíveis, como a GM em São José
dos Campos ou a Ford do ABC.
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