São Paulo, segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

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Impacto eleitoral de cassação e crise no DF preocupam Serra

Governador de SP acompanha desdobramentos da decisão judicial contra Kassab e telefona para o aliado democrata

Entre tucanos e DEM, a orientação foi a de evitar a contaminação política, restringindo o problema do prefeito ao campo técnico


CATIA SEABRA
REPORTAGEM LOCAL

Desde a noite de sábado, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), acompanha, apreensivo, os desdobramentos da cassação do mandato do prefeito Gilberto Kassab, com quem conversou ao telefone. Entre tucanos e democratas, a orientação foi a de evitar contaminação política, restringindo o problema ao campo técnico.
Embora concordem que Kassab não afrontou a lei, a controvérsia preocupa serristas por coincidir com um inferno astral experimentado pelo DEM e pelo prefeito.
Além da prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), as seguidas enchentes enfrentadas pela população paulistana provocaram desgaste na administração Kassab num momento em que Serra reúne coragem para trocar a hipótese de reeleição por uma disputa que promete ser difícil pela Presidência da República.
Fora isso, o próprio Serra reclamou pessoalmente com Kassab de duas medidas impopulares adotadas pela gestão: o reajuste do IPTU e das tarifas de ônibus. Segundo tucanos, Serra se queixa especialmente do fato de o anúncio ter sido previamente antecipado, "sangrando" por dias.
Ainda segundo tucanos, pesquisas de opinião registram trajetória de queda na avaliação da gestão de Kassab. E, como o prefeito tem nome associado ao de Serra, o respingo seria inevitável. Por isso, a intenção é limitá-lo à esfera jurídica.
Presidente estadual do PSDB, o deputado federal Mendes Thame lembra, como também fizeram integrantes do DEM, que decisões anteriores da Justiça atestam a legalidade das doações. Mas reconhece: "Toda vez que se vai a um tribunal é muito estressante".
Nas conversas, Kassab tranquilizou aliados, afirmando que a decisão do juiz da 1ª Zona Eleitoral de SP contraria o TSE e será revista ainda hoje. O prefeito chegou a minimizar a necessidade de uma declaração pública. Mas foi convencido a se manifestar, limitando-se a aspectos técnicos da decisão.
Ontem, ao ser questionado sobre a influência da cassação nas eleições deste ano, durante a visita a um parque na zona leste de São Paulo, o prefeito disse que a decisão da Justiça não é política. "A decisão é técnica e, tecnicamente, estamos convencidos de que foi feito corretamente."

Contra-ataque
Na equipe do prefeito, a avaliação é que, como as doações são comuns e suprapartidárias, os adversários políticos não vão tentar capitalizar o problema politicamente num ano eleitoral. Ainda assim, já prepararam a vacina: um levantamento de todos os beneficiários de doações eleitorais da empreiteira Camargo Corrêa e outras sócias de concessionários nas eleições de 2004 e de 2006.
Além de um impacto na candidatura Serra, a leitura é que os percalços enfrentados por Kassab pavimentam a candidatura do secretário de Estado do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, ao governo, caso Serra se afaste para concorrer à Presidência. Principal opositor da candidatura de Alckmin, Kassab tem concentrado suas energias para solução de seus próprios problemas.


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