São Paulo, segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

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Hillary Clinton visitará o Brasil na semana que vem

Secretária de Estado do governo Obama vai se encontrar com Celso Amorim

Entre os assuntos a serem tratados estarão a posição brasileira sobre o Irã, o novo governo de Honduras e as atuações dos países no Haiti


JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

A secretária de Estado do governo Barack Obama, Hillary Clinton, visita o Brasil e outros países da América Latina na semana que vem. Segundo a Folha apurou junto a fontes diplomáticas, ela deve chegar ao país entre domingo e segunda, e se encontrar com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim.
O governo brasileiro confirmou a visita. Fontes do Palácio do Planalto informaram que o encontro entre Hillary e Amorim deve acontecer no dia 3. Segundo a Folha apurou, alguns assuntos tratados na visita serão a posição do Brasil em relação ao Irã, as discussões sobre a atuação no Haiti e o novo governo de Honduras, além de questões relacionadas à cooperação econômica.
A viagem de Hillary ao país neste ano havia sido confirmada em janeiro e ocorre após a chegada do novo embaixador dos EUA no país, Thomas Shannon. Em dezembro, o Brasil já havia recebido o secretário-assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Arturo Valenzuela.
Nos últimos meses as divergências entre Brasil e EUA têm crescido. A polêmica mais recente se refere à campanha dos EUA para reunir apoio para a aprovação de novas sanções contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU.
A decisão dos EUA de buscar nova punição foi tomada depois de o Irã anunciar que começará a produzir urânio enriquecido a 20%. Isso alimentou as dúvidas da comunidade internacional sobre o programa nuclear do país e a sua eventual capacidade de desenvolver tecnologia para fabricar a bomba.
O Brasil defende a continuidade das negociações e avalia que novas sanções não resolveriam o problema. O presidente Lula deverá ir ao Irã em maio, retribuindo visita feita por Mahmoud Ahmadinejad, presidente do país, em novembro.
No campo da ajuda humanitária, Brasil e EUA devem discutir sobre a reconstrução do Haiti. Os dois países disputaram o papel de protagonista nas ações no país cuja capital foi devastada por terremoto. O Brasil tem o comando da missão militar da ONU no país.
Os EUA ganham destaque pela superioridade econômica e militar. Em tese, a questão teria sido resolvida após a Conferência Preparatória Ministerial, que atribuiu ao próprio Haiti a liderança na recuperação. Na prática, os dois países continuarão a negociar seus papéis.
Nesta semana, o comandante da missão, general Floriano Peixoto, reiterou em conversa com jornalistas na ONU que os EUA não atuam na segurança, mas na ajuda humanitária.
A retomada do diálogo com o governo de Honduras, do presidente Porfírio "Pepe" Lobo, também deve constar na agenda. Na semana passada, Lula disse ser favorável à volta do país à OEA (Organização dos Estados Americanos) e defendeu que o novo governo promova uma reconciliação nacional com a volta de Manuel Zelaya, deposto em junho. O embaixador Shannon chegou a afirmar, em janeiro, que Brasil e EUA devem continuar "se esbarrando", após dizer que o Brasil já se tornou uma potência global.

Colaborou SIMONE IGLESIAS, enviada especial a Cancún



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