São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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OPOSIÇÃO

Ex-presidente se diz preocupado com enfraquecimento precoce do governo Lula

FHC rearticula o bloco PSDB-PFL

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na posição de quem pretende se manter como "reserva política" para eventualmente disputar a Presidência em 2006 em caso de naufrágio do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso promove hoje um jantar de reaproximação definitiva entre o PSDB e a ala PFL que se opõe ao senador Antonio Carlos Magalhães (BA).
A Folha apurou que FHC está preocupado com o que chama de "precipitação da crise", por julgar muito cedo (15 meses) para o governo se enfraquecer. Ele tem dito a lideranças do PSDB que o partido não será beneficiário direto de uma crise profunda e chega a defender a "normalidade democrática". Por ora, não vê risco de recuo institucional. Mas a menção à "normalidade democrática" dá a dimensão de suas preocupações.
Apesar disso, FHC avalia que Lula, devido ao poder da caneta presidencial e ao pouco tempo de mandato, tem como se recuperar.
O tucano quer reaproximar setores do PFL, partido que rompeu com o seu governo em 2002 por discordar da escolha do ex-ministro da Saúde José Serra como candidato do PSDB ao Planalto.
Nesse contexto, o ex-presidente recebe às 20h30 em seu apartamento paulistano o presidente do PFL, o senador Jorge Bornhausen (SC), o senador e ex-vice-presidente em seus dois governos, Marco Maciel (PE), e o líder pefelista no Senado, José Agripino Maia (RN). Pelo lado tucano, participam, além do anfitrião, o governador de São Paulo e presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), e o presidente do PSDB, José Serra.
Bornhausen, por exemplo, atacava publicamente Serra em 2002, considerando-o fraco para disputar a Presidência e acusando-o de estar por trás de investigações da PF (Polícia Federal) envolvendo a atual senadora Roseana Sarney (PFL-MA), pré-candidata do partido à Presidência na época.
Agora, FHC acha que o PSDB e setores do PFL e do PMDB podem estar juntos em 2006. Para se preservar, tem falado pouco e moderadamente desde a explosão do caso Waldomiro Diniz, em 13 de fevereiro. Até essa data, havia dado várias e duras entrevistas.
Na estratégia de ter no Congresso uma oposição mais dura a Lula e nos governadores do PSDB uma linha de apoio para evitar uma crise profunda, FHC não acha ruim administradores tucanos terem boa relação com o governo federal. Para o ex-presidente, Lula já tem problemas demais.
Virgílio, que falou ontem com FHC, diz que ele está bem-humorado, apesar da forte gripe: "É normal que os governadores do PSDB, responsáveis que são, conversem com o presidente em nome dos interesses administrativos. Os governadores do PT, no governo FHC, faziam muito mais do que isso". (KENNEDY ALENCAR)


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