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OPOSIÇÃO
Ex-presidente se diz preocupado com enfraquecimento precoce do governo Lula
FHC rearticula o bloco PSDB-PFL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na posição de quem pretende
se manter como "reserva política"
para eventualmente disputar a
Presidência em 2006 em caso de
naufrágio do governo Luiz Inácio
Lula da Silva, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso promove hoje um jantar de reaproximação definitiva entre o PSDB e a ala
PFL que se opõe ao senador Antonio Carlos Magalhães (BA).
A Folha apurou que FHC está
preocupado com o que chama de
"precipitação da crise", por julgar
muito cedo (15 meses) para o governo se enfraquecer. Ele tem dito
a lideranças do PSDB que o partido não será beneficiário direto de
uma crise profunda e chega a defender a "normalidade democrática". Por ora, não vê risco de recuo institucional. Mas a menção à
"normalidade democrática" dá a
dimensão de suas preocupações.
Apesar disso, FHC avalia que
Lula, devido ao poder da caneta
presidencial e ao pouco tempo de
mandato, tem como se recuperar.
O tucano quer reaproximar setores do PFL, partido que rompeu
com o seu governo em 2002 por
discordar da escolha do ex-ministro da Saúde José Serra como candidato do PSDB ao Planalto.
Nesse contexto, o ex-presidente
recebe às 20h30 em seu apartamento paulistano o presidente do
PFL, o senador Jorge Bornhausen
(SC), o senador e ex-vice-presidente em seus dois governos,
Marco Maciel (PE), e o líder pefelista no Senado, José Agripino
Maia (RN). Pelo lado tucano, participam, além do anfitrião, o governador de São Paulo e presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin,
o líder tucano no Senado, Arthur
Virgílio (AM), e o presidente do
PSDB, José Serra.
Bornhausen, por exemplo, atacava publicamente Serra em 2002,
considerando-o fraco para disputar a Presidência e acusando-o de
estar por trás de investigações da
PF (Polícia Federal) envolvendo a
atual senadora Roseana Sarney
(PFL-MA), pré-candidata do partido à Presidência na época.
Agora, FHC acha que o PSDB e
setores do PFL e do PMDB podem estar juntos em 2006. Para se
preservar, tem falado pouco e
moderadamente desde a explosão
do caso Waldomiro Diniz, em 13
de fevereiro. Até essa data, havia
dado várias e duras entrevistas.
Na estratégia de ter no Congresso uma oposição mais dura a Lula
e nos governadores do PSDB uma
linha de apoio para evitar uma
crise profunda, FHC não acha
ruim administradores tucanos terem boa relação com o governo
federal. Para o ex-presidente, Lula
já tem problemas demais.
Virgílio, que falou ontem com
FHC, diz que ele está bem-humorado, apesar da forte gripe: "É
normal que os governadores do
PSDB, responsáveis que são, conversem com o presidente em nome dos interesses administrativos. Os governadores do PT, no
governo FHC, faziam muito mais
do que isso".
(KENNEDY ALENCAR)
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