São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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CASO CC5

Braço financeiro do Banestado no Paraguai teria movimentado US$ 193,7 mi

Procuradoria descobre nova conta

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Uma investigação do Ministério Público Federal apontou que o Banco del Paraná, então braço financeiro do Banestado (Banco do Estado do Paraná) no Paraguai, movimentou US$ 193,7 milhões em 1993 em uma conta aberta em nome de um "laranja ou fantasma" na extinta agência do BCN (Banco de Crédito Nacional) de Ponta Porã (328 km de Campo Grande), na fronteira de Mato Grosso do Sul e Paraguai.
O Congresso abriu, em junho do ano passado, a CPI do Banestado para investigar esquema de lavagem de dinheiro e remessas para o exterior por meio de contas CC5 (não-residentes). Para fazer as remessas ilegais, contas foram abertas por laranjas (pessoas cujos nomes são usados para operações ilícitas, às vezes sem que elas próprias saibam).
No caso da agência do BCN, a conta está em nome de Lúcio Bobadilha, laranja ou fantasma pelo Banco del Paraná. O Ministério Público não sabe se ele existe. "O excepcional cliente jamais foi localizado pela polícia", diz o Ministério Público Federal em Dourados (218 km de Campo Grande).
Os procuradores da República afirmam que houve "uma milionária sonegação fiscal". O Ministério Público Federal investiga 29 operações ilegais na fronteira.
O ex-gerente do Banco Del Paraná Eulálio Gomes disse, em depoimento usado pelo Ministério Público, que foi "obrigado pela direção do banco" a colaborar na abertura da conta. Gomes foi à agência do BCN para assinar documentos. Ele se apresentou como procurador de Bobadilha.
Ainda em depoimento, Gomes afirmou que não conhece Bobadilha, "mas já tinha ouvido esse nome dentro do próprio Banestado quando houve brigas políticas sobre o fato da existência das contas". Por esses desentendimentos, segundo Gomes, o Banestado mandou cancelar todas as contas com "as mesmas características".
Um rastreamento feito pelos procuradores da República aponta que, por meio da conta de Bobadilha, houve depósitos para outros laranjas ou fantasmas.

Outro lado
O ex-presidente do Banestado Norton Macedo Correia disse que não poderia falar com a reportagem por estar convalescente.
O ex-presidente do Banco del Paraná Alceu Carlos Preisner, que prestou depoimento à CPI do Banestado em 2003, disse na época que informou Correia sobre a existência de irregularidades.
O ex-gerente da agência do BCN Elesbão Lopes de Carvalho Filho, responsável pela abertura da conta -supostamente por ordem da diretoria do Banco del Paraná-, foi preso em janeiro. Ele afirma não existirem provas de que tenha facilitado a abertura das contas para "laranjas". A reportagem não conseguiu localizar seu advogado, Alberto Fróes.


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