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CASO CC5
Braço financeiro do Banestado no Paraguai teria movimentado US$ 193,7 mi
Procuradoria descobre nova conta
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Uma investigação do Ministério
Público Federal apontou que o
Banco del Paraná, então braço financeiro do Banestado (Banco do
Estado do Paraná) no Paraguai,
movimentou US$ 193,7 milhões
em 1993 em uma conta aberta em
nome de um "laranja ou fantasma" na extinta agência do BCN
(Banco de Crédito Nacional) de
Ponta Porã (328 km de Campo
Grande), na fronteira de Mato
Grosso do Sul e Paraguai.
O Congresso abriu, em junho
do ano passado, a CPI do Banestado para investigar esquema de
lavagem de dinheiro e remessas
para o exterior por meio de contas
CC5 (não-residentes). Para fazer
as remessas ilegais, contas foram
abertas por laranjas (pessoas cujos nomes são usados para operações ilícitas, às vezes sem que elas
próprias saibam).
No caso da agência do BCN, a
conta está em nome de Lúcio Bobadilha, laranja ou fantasma pelo
Banco del Paraná. O Ministério
Público não sabe se ele existe. "O
excepcional cliente jamais foi localizado pela polícia", diz o Ministério Público Federal em Dourados (218 km de Campo Grande).
Os procuradores da República
afirmam que houve "uma milionária sonegação fiscal". O Ministério Público Federal investiga 29
operações ilegais na fronteira.
O ex-gerente do Banco Del Paraná Eulálio Gomes disse, em depoimento usado pelo Ministério
Público, que foi "obrigado pela
direção do banco" a colaborar na
abertura da conta. Gomes foi à
agência do BCN para assinar documentos. Ele se apresentou como procurador de Bobadilha.
Ainda em depoimento, Gomes
afirmou que não conhece Bobadilha, "mas já tinha ouvido esse nome dentro do próprio Banestado
quando houve brigas políticas sobre o fato da existência das contas". Por esses desentendimentos,
segundo Gomes, o Banestado
mandou cancelar todas as contas
com "as mesmas características".
Um rastreamento feito pelos
procuradores da República aponta que, por meio da conta de Bobadilha, houve depósitos para outros laranjas ou fantasmas.
Outro lado
O ex-presidente do Banestado
Norton Macedo Correia disse que
não poderia falar com a reportagem por estar convalescente.
O ex-presidente do Banco del
Paraná Alceu Carlos Preisner, que
prestou depoimento à CPI do Banestado em 2003, disse na época
que informou Correia sobre a
existência de irregularidades.
O ex-gerente da agência do BCN
Elesbão Lopes de Carvalho Filho,
responsável pela abertura da conta -supostamente por ordem da
diretoria do Banco del Paraná-,
foi preso em janeiro. Ele afirma
não existirem provas de que tenha facilitado a abertura das contas para "laranjas". A reportagem
não conseguiu localizar seu advogado, Alberto Fróes.
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