São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2006

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LISTA DE FURNAS

Militante do PT também é indiciado por divulgar lista na internet

Polícia indicia lobista por calúnia

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou sob acusação de calúnia e difamação o lobista Nilton Monteiro e Luiz Fernando Carceroni, militante petista que é assessor da Prefeitura de Belo Horizonte. Os dois foram acusados por sete deputados estaduais de divulgarem a lista de Furnas com seus nomes.
A lista é investigada pela Polícia Federal no inquérito que apura irregularidades na estatal Furnas Centrais Elétricas. A PF apura se haveria arrecadação de caixa dois sob a coordenação do ex-diretor da estatal Dimas Toledo, que, em depoimento à CPI dos Bingos, negou a acusação. A suposta contabilidade paralela indica o nome de 156 políticos de 12 partidos que teriam recebido o dinheiro ilegal.
Uma cópia autenticada da suposta lista foi entregue à PF por Monteiro. Laudo do Instituto Nacional de Criminalística afirmou haver indícios de "montagem", "alterações" ou "implantes" na última página do documento. Monteiro nunca exibiu o original, apesar de ter dito que o tinha em seu poder e que o entregaria à PF. Como isso não ocorreu, ele pode passar da condição de colaborador para a de investigado.
Paralelamente a esse inquérito, sete deputados estaduais de Minas procuraram a polícia e disseram que estavam sendo vítimas de calúnia. "Nós solicitamos à polícia que apurasse. Eu nunca recebi dinheiro de Furnas e nem conheço o Dimas Toledo", disse o deputado João Leite (PSDB).
Carceroni foi indiciado pelo delegado João Octacílio Silva Neto sob a acusação de distribuir a lista pela internet. O delegado deixou aos indiciados a tarefa de provar na Justiça a veracidade do documento. Carceroni negou ter dado publicidade à lista e acusou o delegado de ter feito a investigação com "idéia pré-fixada". Disse que recebeu a lista do deputado estadual Rogério Correia (PT) em dezembro de 2005 e que a encaminhou à Procuradoria Geral da República, PF e Controladoria Geral da União pedindo apuração.
O petista afirma que o que circulou na internet foi um e-mail que ele diz ter enviado ao jornalista Elio Gaspari, colunista da Folha, relatando o teor da lista. Ele disse que também pode ter enviado esse e-mail "para alguns amigos", mas que não se lembra direito disso. Ele não lembra do e-mail usado para contactar o jornalista nem tem certeza se a mensagem chegou a ele. Nilton Monteiro foi procurado pela Folha, mas não respondeu aos recados.


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