São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Soluços

Os movimentos finais da reforma reservaram surpresas para candidatos a ministro que já preparavam o terno da posse. Favorito para a Agricultura, Reinhold Stephanes (PMDB-PR) chegou a balançar diante dos protestos dos ruralistas -até ser convidado, já à noite, para ir hoje ao Planalto.
A indicação do presidente do PDT, Carlos Luppi, para a Previdência chegou a ser posta em dúvida por interlocutores de Lula diante do comportamento rebelde de seu partido na operação governista para enterrar a CPI do Apagão Aéreo na Câmara. A rebeldia foi insuflada por Miro Teixeira (RJ), inconformado em ver Luppi virar ministro. Enquadrada, ontem a bancada do PDT enfiou a viola no saco e recuou no plenário, como queria o governo.

Quero mais. Não satisfeito em herdar os portos, o PSB vai reivindicar do Palácio do Planalto a passagem para a futura secretaria também das hidrovias, hoje sob a alçada da diretoria aquaviária do Dnit.

Âncora. A hoje disputada área de portos teve baixa execução orçamentária nos últimos anos. Levantamento feito nas oito principais companhias de Docas mostra que, em 2005 e 2006, os valores efetivamente pagos representaram apenas 23% da dotação orçamentária aprovada.

Polivalente. Quando repórteres lhe perguntaram se o amigo Aldo Rebelo (PC do B-SP) vai para a Defesa, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), esquivou-se com imagem boleira: "Defesa? Que eu saiba, ele sempre jogou de ala". Ontem, o ex-presidente da Câmara era cumprimentado como ministro nos corredores da Casa.

Nem aí. Arlindo Chinaglia (PT-SP) não se dá ao trabalho de ligar de volta quando lhe avisam que Renan telefonou.
O presidente do Senado, porém, tenta esfriar o litígio. A quem pergunta, diz que está se entendendo "muito bem" com o colega da Câmara.

Promoter. Marta Suplicy passou o dia ontem ao telefone convidando pessoalmente líderes da base aliada para sua posse amanhã no Ministério do Turismo. Quem recebeu as ligações saiu convicto de que a ex-prefeita está com gás suficiente para 2008 e 2010.

X da questão. De um integrante da base aliada, sobre o barril de pólvora em que se transformaram as obras feitas na Infraero no primeiro governo Lula: "Não foram construídos aeroportos, e sim shopping centers".

Barba... Ao indiciar Roberto Jefferson no inquérito dos Correios, o delegado disse ao deputado cassado que o procurador Bruno Acioli esperava que o pacote incluísse um pedido de prisão, mas que não fora possível atendê-lo, por falta de elementos para tanto.

...e cabelo. De Jefferson, sobre o fato de ter sido indiciado com base em declaração contida na página 206 de seu livro "Nervos de Aço": "Se procurassem nas outras páginas, encontrariam motivos, aí sim verdadeiros, para indiciar muito mais gente".

Veja bem. Diante da disposição de José Temporão para colocar um "técnico" à frente da Funasa, a bancada do PMDB na Câmara tenta convencê-lo a abrir espaço para uma indicação política. Em encontro com o novo ministro da Saúde, sugeriram o nome de Danilo Forte, hoje diretor-executivo da fundação ligado a Eunício Oliveira.

Trégua 1. Senadores e deputados do PMDB, desentendidos desde a disputa pela presidência do partido, tentam armar para a próxima semana um ensaio de reconciliação com a presença de Lula.

Trégua 2. Sem conseguir tirar a CPI do papel, o PSDB decidiu que a pesada obstrução na Câmara chegou ao fim da linha. "Aqui não temos mais força, agora só resta o Supremo", diz um tucano.

Tiroteio

"Como eles não têm nada a dizer nas ruas, PFL e PSDB ficam berrando por uma CPI, mas querem apenas empacar o PAC".
Do deputado BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS), sobre a obstrução feita pelos oposicionistas na tentativa de viabilizar a CPI do Apagão Aéreo.

Contraponto

Terceiro tempo

Capitão do time de deputados que se reúne nas noites de terça para jogar futebol em Brasília, Júlio Delgado (PSB-MG) costuma levar uma garrafa de cachaça mineira a tiracolo para servir depois das partidas. Na semana passada, avisou que trouxera "uma das bravas".
Na manhã seguinte, Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), integrante do time, era um dos mais exaltados na tumultuada sessão da CCJ sobre a CPI do Apagão Aéreo.
-A culpa é da sua cachaça, Júlio!-, disse um colega.
Nesta terça, diante de nova guerra de nervos na comissão, Delgado foi logo avisando:
-Gente, hoje a cachaça é de camomila...


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