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Novo arcebispo quer melhorar ação na periferia e dar prioridade à PUC
D. Odilo diz que é preciso "arrumar" situação católica nas cidade e que universidade "receberá todas as atenções"
Religioso, que assume comando da arquidiocese paulistana em 29 de abril,
afirma que faltam igrejas, comunidades e lideranças
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A primeira entrevista de d.
Odilo Scherer, 57, como arcebispo eleito de São Paulo mostra que ele não pretende somente continuar o trabalho de
seus antecessores d. Cláudio
Hummes e d. Paulo Evaristo
Arns na periferia da capital. Ele
também quer expandir a influência do catolicismo nos setores que hoje são arredios à religião, como as universidades.
A posse do novo arcebispo
acontecerá no próximo dia 29
de abril, às 15h, na Catedral da
Sé. A Folha antecipou ontem,
com exclusividade, a escolha
do novo arcebispo da cidade.
"Os desafios sociais, a pobreza, a miséria, a violência não
são unicamente missão da igreja. É o governo o principal responsável. A igreja não tem
competência decisória, mas é
parceira das ações de melhorias", disse d. Odilo, que acrescentou que a igreja precisa melhor "organizar sua presença
nas periferias urbanas".
Sobre o diálogo com as universidades, ele destaca o papel
da PUC-SP, que "precisa receber todas as atenções, pois é a
presença da igreja no mundo
universitário".
D. Odilo pretende ainda mobilizar cristãos leigos para que
defendam o catolicismo no trabalho, nas escolas e no que chama de mundo da cultura. Ao
explicar sobre o porquê dessa
preocupação, afirmou: "Não
conseguimos arrumar nossa situação dentro da complexidade das grandes cidades. Faltam
igrejas, faltam comunidades e
lideranças religiosas".
O novo arcebispo evitou falar
sobre assuntos polêmicos para
a igreja, como a camisinha.
Preferiu defender valores. "A
igreja mostra seus princípios,
de acordo com o Evangelho de
Jesus. Quem encontra o caminho de Deus consegue compreender o que se pode e o que
não se pode. É uma decorrência desse caminho."
Afirmou, porém, que compreende as críticas feitas à igreja. "Entendo as dificuldades de
se compreender a figura do papa em um mundo controvertido como o atual. Mas o papa interpreta o que diz o Evangelho.
Não está na sua competência
mudá-lo, mas adequá-lo de
acordo com o tempo", disse.
"Sabemos que contamos com
incompreensão, mas temos
que ser fiéis a Deus."
Cardeal e secretário
Após, no máximo, dois anos,
d. Odilo será nomeado cardeal e
terá direito tanto a escolher futuros papas como também poderá, ele mesmo, ser escolhido
como sumo pontífice. Isso porque São Paulo é uma "sede cardinalícia": a igreja reconhece a
importância de uma cidade e
confere a seu arcebispo o título
e os direitos de um cardeal.
Quando assumir SP, acumulará por alguns dias a função de
arcebispo com a de secretário-geral da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil),
que desempenha hoje. Ficará
na entidade até maio, quando
haverá eleição.
Na sua primeira entrevista
como arcebispo, ontem, na sede da CNBB, em Brasília, elogiou Bento 16 pela sabedoria e
ressaltou que o papa foi mal interpretado quanto às recentes
críticas ao segundo casamento.
"O santo padre não quis dizer
que era uma praga. Foi um problema de tradução." D. Odilo
também elogiou o antecessor
em SP. Afirmou que "d. Cláudio
fez um trabalho muito importante, levado adiante com muita perseverança e sofrimento".
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