São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2010

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Reeleito, Grella quer informatizar Promotoria

Procurador-geral de SP foi o mais votado e encabeça lista tríplice encaminhada ao governador Serra, que tem 15 dias para decidir

Segundo colocado diz que colegas estão insatisfeitos e espera "menos burocracia" na próxima gestão na chefia do Ministério Público de SP

MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro colocado na lista tríplice em eleição realizada no sábado no Ministério Público de São Paulo, o procurador-geral de Justiça, Fernando Grella Vieira, disse ontem que, se reconduzido ao cargo pelo governador José Serra (PSDB), pretende investir no aprimoramento das instalações físicas e na informatização da instituição no Estado.
"Muito ainda precisa ser feito, principalmente no tocante a sistemas e bancos de dados, ferramentas importantes para que membros do Ministério Público possam realizar pesquisas e orientar sua atuação."
O governador Serra recebeu no sábado a lista tríplice com os respectivos votos de cada um dos candidatos à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado. Ele tem 15 dias para tomar sua decisão. Cabe a Serra a prerrogativa legal de escolher um dos nomes, mas a expectativa entre procuradores e promotores do Estado é que o governador respeite a vontade da maioria.
O escolhido, que tem poder para processar o governador, irá comandar um Ministério Público com R$ 1,29 bilhão de orçamento, 1.544 promotores e 296 procuradores.
Com 1.147 votos, Grella teve votação recorde. Até então, o mais bem votado havia sido Rodrigo César Rebello Pinho, com 998 votos em 2004. Os candidatos que concorreram com Grella, João Francisco Moreira Viegas e Márcio Sérgio Christino, tiveram, respectivamente, 408 e 397 votos. Considerando os votos válidos -cada eleitor vota três vezes -, Grella obteve 58,7% (excluídos os brancos e os nulos).
"Espero que seja nomeado o primeiro colocado, em respeito à democracia e aos procuradores", disse Viegas, segundo colocado e ligado ao grupo histórico do ex-procurador-geral Luiz Antonio Marrey, hoje secretário da Justiça de Serra.
"Há um grupo significativo de colegas insatisfeitos com a condução do procurador-geral, e espero que na segunda gestão do Grella haja menos burocracia e que ele faça as reformas democráticas que prometeu e não executou", afirmou Viegas.

Democratização
As reformas democráticas às quais ele se refere dizem respeito sobretudo à possibilidade de promotores disputarem cargos de chefia na instituição.
Hoje, em São Paulo, só os procuradores podem concorrer. Grella chegou a propor a mudança nas regras no seu primeiro mandato, mas não conseguiu o respaldo do Órgão Especial, que vetou o envio do projeto ao Legislativo estadual.
"A Lei Orgânica dá competência ao Órgão Especial para aprovar projetos de lei enviados à Assembleia Legislativa. (...) Estamos dispostos a continuar lutando por isso, mas evidentemente pressupõe manter o debate no Órgão Especial para que se obtenha ali a aprovação", explicou Grella.
Apesar da expectativa em torno da recondução de Grella, alguns integrantes do Ministério Público citam o ocorrido na Bahia, há duas semanas, quando o governador Jaques Wagner (PT) nomeou o terceiro colocado da lista tríplice.
Para Grella, a votação histórica é reconhecimento aos avanços de sua gestão. Ele foi eleito e nomeado procurador-geral em 2008, seu primeiro mandato. Há cerca de 30 dias, desincompatibilizou-se do cargo para disputar a reeleição.
Além de investimentos em informatização e na formação de bancos de dados, ele disse que pretende investir na atuação preventiva, sobretudo no setor infantojuvenil. "Isso sem prejuízo a áreas essenciais, como crime e improbidade."
Em resposta a adversários, que criticaram a desigualdade da disputa, Grella disse que não vê problemas na reeleição. "Acho que para a nossa instituição o melhor seria mandato de três anos, sem reeleição." A mudança, disse, requer alteração na Constituição e, portanto, deve amplamente debatida.


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