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Reeleito, Grella quer informatizar Promotoria
Procurador-geral de SP foi o mais votado e encabeça lista tríplice encaminhada ao governador Serra, que tem 15 dias para decidir
Segundo colocado diz que colegas estão insatisfeitos e espera "menos burocracia" na próxima gestão na chefia do Ministério Público de SP
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Primeiro colocado na lista
tríplice em eleição realizada no
sábado no Ministério Público
de São Paulo, o procurador-geral de Justiça, Fernando Grella
Vieira, disse ontem que, se reconduzido ao cargo pelo governador José Serra (PSDB), pretende investir no aprimoramento das instalações físicas e
na informatização da instituição no Estado.
"Muito ainda precisa ser feito, principalmente no tocante a
sistemas e bancos de dados, ferramentas importantes para
que membros do Ministério
Público possam realizar pesquisas e orientar sua atuação."
O governador Serra recebeu
no sábado a lista tríplice com os
respectivos votos de cada um
dos candidatos à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado. Ele
tem 15 dias para tomar sua decisão. Cabe a Serra a prerrogativa legal de escolher um dos nomes, mas a expectativa entre
procuradores e promotores do
Estado é que o governador respeite a vontade da maioria.
O escolhido, que tem poder
para processar o governador,
irá comandar um Ministério
Público com R$ 1,29 bilhão de
orçamento, 1.544 promotores e
296 procuradores.
Com 1.147 votos, Grella teve
votação recorde. Até então, o
mais bem votado havia sido Rodrigo César Rebello Pinho, com
998 votos em 2004. Os candidatos que concorreram com
Grella, João Francisco Moreira
Viegas e Márcio Sérgio Christino, tiveram, respectivamente,
408 e 397 votos. Considerando
os votos válidos -cada eleitor
vota três vezes -, Grella obteve
58,7% (excluídos os brancos e
os nulos).
"Espero que seja nomeado o
primeiro colocado, em respeito
à democracia e aos procuradores", disse Viegas, segundo colocado e ligado ao grupo histórico do ex-procurador-geral
Luiz Antonio Marrey, hoje secretário da Justiça de Serra.
"Há um grupo significativo
de colegas insatisfeitos com a
condução do procurador-geral,
e espero que na segunda gestão
do Grella haja menos burocracia e que ele faça as reformas
democráticas que prometeu e
não executou", afirmou Viegas.
Democratização
As reformas democráticas às
quais ele se refere dizem respeito sobretudo à possibilidade
de promotores disputarem cargos de chefia na instituição.
Hoje, em São Paulo, só os
procuradores podem concorrer. Grella chegou a propor a
mudança nas regras no seu primeiro mandato, mas não conseguiu o respaldo do Órgão Especial, que vetou o envio do
projeto ao Legislativo estadual.
"A Lei Orgânica dá competência ao Órgão Especial para
aprovar projetos de lei enviados à Assembleia Legislativa.
(...) Estamos dispostos a continuar lutando por isso, mas evidentemente pressupõe manter
o debate no Órgão Especial para que se obtenha ali a aprovação", explicou Grella.
Apesar da expectativa em
torno da recondução de Grella,
alguns integrantes do Ministério Público citam o ocorrido na
Bahia, há duas semanas, quando o governador Jaques Wagner (PT) nomeou o terceiro colocado da lista tríplice.
Para Grella, a votação histórica é reconhecimento aos
avanços de sua gestão. Ele foi
eleito e nomeado procurador-geral em 2008, seu primeiro
mandato. Há cerca de 30 dias,
desincompatibilizou-se do cargo para disputar a reeleição.
Além de investimentos em
informatização e na formação
de bancos de dados, ele disse
que pretende investir na atuação preventiva, sobretudo no
setor infantojuvenil. "Isso sem
prejuízo a áreas essenciais, como crime e improbidade."
Em resposta a adversários,
que criticaram a desigualdade
da disputa, Grella disse que não
vê problemas na reeleição.
"Acho que para a nossa instituição o melhor seria mandato de
três anos, sem reeleição." A
mudança, disse, requer alteração na Constituição e, portanto, deve amplamente debatida.
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