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JANIO DE FREITAS
O prejuízo liberado
Os problemas, muitos graves e
muitos definitivos, causados em
uma infinidade de automóveis
pelas misturas clandestinas no
combustível são de responsabilidade pessoal e administrativa
bem definida. E, portanto, passível de condenação ao ressarcimento dos prejuízos de donos de
automóveis.
Sem que algum problema real
recomendasse modificação no
fornecimento de combustível aos
postos de abastecimento, o ministro das Minas e Energia, Raimundo Brito, e o presidente da
República os dispensaram de
comprar gasolina da marca, chamada bandeira, ostentada em
seus letreiros -Petrobrás, Esso,
Shell e outras. Os postos foram
declarados livres para comprar
em quem lhes vendesse pelo menor preço, e não mais pela qualidade.
Dispensados de comprar em
fornecedor identificável pelo consumidor, os postos deixaram proliferar, em troca de bom preço, os
adulteradores de combustível.
Eles compram a gasolina que antes era servida aos consumidores,
nos postos obrigatoriamente "de
bandeira", e adicionam-lhe solvente de tinta, detergente ou outro aditivo barato. Assim a quantidade de suposto combustível
aumenta muito, para venda aos
postos, que, por sua vez, pagam
menos e têm mais lucro.
E os donos de carro pagam três
vezes: ao dono do posto, ao dono
da oficina aonde o carro acabará
indo e aos governantes que lhe
causam o prejuízo com medidas
de liberação consideradas, desde
sua origem mal explicada, muito
suspeitas.
Para quem tanto paga, nada
mais razoável do que a devida
indenização.
Sem saúde
Já a primeira hipótese era inquietante: os vastíssimos problemas da Saúde, difíceis mesmo
para um médico, entregues a um
engenheiro com a vocação tecnocrática aprimorada por estudos
em economia. A "solução" foi
propalada com insistência diária, como requeriam a rasteira
palaciana no ministro Carlos Albuquerque e o lobby de José Serra
na imprensa, mas se manteve incompleta.
Nos exames daquela hipótese
no governo, com a participação
de alguns parlamentares, é mencionado um complemento hipotético ainda mais aterrador: a
fusão dos ministérios da Saúde e
da Previdência. Nesta segunda
hipótese está a causa, ou parte
substancial dela, do desagrado
pefelista com a rasteira em Carlos Albuquerque. Se José Serra,
por si só, já arrepia o PFL, com os
dois ministérios fundidos teria
um poder político que excede
muito a tolerância dos líderes pefelistas.
Fernando Henrique Cardoso
não permitiu que Adib Jatene
pudesse se dedicar ao conjunto
de idéias que levou para o Ministério da Saúde. Substituiu-o por
uma indicação de Paulo Renato
Souza, da Educação, que resultou igualzinho ao indicador.
Quase a meio do último ano de
mandato, diz querer soluções
concretas para a Saúde -aquelas que Jatene buscou e lhe foram
negadas.
Explica-se que nem um só dos
problemas -endemias, epidemias, recursos para os hospitais,
número necessário de médicos,
disponibilidade de remédios e
equipamentos na rede pública-
apresente algum resultado positivo. Todos exibem números, dramas e tragédias agravados pelo
atual governo.
Useiro
Divulgado o próximo leilão de
sua casa em Brasília, cujo resultado será entregue à Caixa Econômica Federal, o deputado luso-baiano José Lourenço passou
a explicar-se com inflamados comícios contra os juros, que teriam inviabilizado o pagamento
de sua dívida.
A dívida tem mais de dez anos.
O devedor em questão apóia, na
Câmara, tudo o que é governista,
inclusive a política que precisa
de juros extorsivos. E, para encerrar por ora, tomar empréstimos e ficar devendo a instituições financeiras governamentais
é um hábito antigo de José Lourenço. Como se pode constatar,
por exemplo, de suas velhas relações com o banco estatal da Bahia.
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