São Paulo, domingo, 22 de abril de 2007

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STF solta suspeitos de beneficiar bingos

Ministro Cezar Peluso nega pedido de prisão preventiva de dois desembargadores e um procurador-regional da República

Detenção de ministro do STJ também foi negada; os outros 21 presos pela PF serão transferidos para o Rio

LEONARDO SOUZA
EDUARDO SCOLESE
FELIPE SELIGMAN

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois desembargadores e o procurador-regional da República presos na Operação Hurricane (Furacão, em inglês) foram soltos ontem depois que o Supremo Tribunal Federal indeferiu um pedido de prisão preventiva.
Eles estavam presos na superintendência da Polícia Federal em Brasília, suspeitos de integrar uma quadrilha que negociava sentenças em benefício de bicheiros e bingueiros.
Foram soltos por volta das 18h30 os desembargadores José Eduardo Carreira Alvim e José Ricardo de Siqueira Regueira e o procurador-regional da República João Sérgio Leal Pereira.
O pedido de prisão preventiva havia sido solicitado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, na sexta-feira e incluiu também o ministro Paulo Medina (Superior Tribunal de Justiça), que não havia sido preso, e o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas Ernesto Dória.
Os pedidos de prisão foram negados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Cezar Peluso, relator do processo.
Dória, porém, continuará detido porque, além de ser suspeito de integrar a quadrilha, foi preso em flagrante por posse ilegal de arma.
Na semana retrasada, foram presas 25 pessoas por indícios de participar da organização criminosa. Antonio Fernando pediu a prisão preventiva dos acusados, denunciando-os pelos crimes de quadrilha, corrupção passiva e prevaricação.
Os demais 21 suspeitos continuarão presos.
No pedido de prisão preventiva, o procurador-geral requereu o desmembramento do inquérito. Os casos dos quatro magistrados e do procurador-regional, que têm foro privilegiado, foram mantidos no STF.
O inquérito com os demais 21 suspeitos foi remetido à 6ª Vara Federal do Rio. Os procuradores da República no Estado pediram a prisão preventiva de todos eles, o que foi aceito. Eles devem ser transferidos para o Rio em breve, mas isso ainda depende de decisão judicial.
Entre os que continuarão presos está o advogado e lobista Virgílio Medina, irmão do ministro do STJ. Nas interceptações telefônicas feitas pela PF, foram captadas conversas em que Virgílio negociou com advogados da máfia dos bingos, por R$ 1 milhão, decisão que seria proferida por seu irmão.
A liminar concedida por Paulo Medina, nos moldes do que havia sido combinado pelos integrantes da organização criminosa, resultou na liberação de 900 máquinas caça-níqueis que haviam sido apreendidas.
Classificada pelo procurador-geral da República como "esdrúxula", a liminar concedida por Paulo Medina foi posteriormente cassada pelo STF.

Zaqueu Teixeira
A assessoria do Ministério da Justiça informou que o diretor-geral da PF Paulo Lacerda disse ao assessor especial da pasta Zaqueu Teixeira que a Operação Furacão não colheu indício contra ele. Lacerda afirmou que houve apenas uma conversa entre investigados pela operação na qual o nome de Zaqueu foi mencionado.


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