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STF solta suspeitos de beneficiar bingos
Ministro Cezar Peluso nega pedido de prisão preventiva de dois desembargadores e um procurador-regional da República
Detenção de ministro do STJ também foi negada; os outros 21 presos pela PF serão transferidos para o Rio
LEONARDO SOUZA
EDUARDO SCOLESE
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois desembargadores e o
procurador-regional da República presos na Operação Hurricane (Furacão, em inglês) foram soltos ontem depois que o
Supremo Tribunal Federal indeferiu um pedido de prisão
preventiva.
Eles estavam presos na superintendência da Polícia Federal
em Brasília, suspeitos de integrar uma quadrilha que negociava sentenças em benefício
de bicheiros e bingueiros.
Foram soltos por volta das
18h30 os desembargadores José Eduardo Carreira Alvim e
José Ricardo de Siqueira Regueira e o procurador-regional
da República João Sérgio Leal
Pereira.
O pedido de prisão preventiva havia sido solicitado pelo
procurador-geral da República,
Antonio Fernando de Souza, na
sexta-feira e incluiu também o
ministro Paulo Medina (Superior Tribunal de Justiça), que
não havia sido preso, e o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas Ernesto Dória.
Os pedidos de prisão foram
negados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Cezar
Peluso, relator do processo.
Dória, porém, continuará detido porque, além de ser suspeito de integrar a quadrilha, foi
preso em flagrante por posse
ilegal de arma.
Na semana retrasada, foram
presas 25 pessoas por indícios
de participar da organização
criminosa. Antonio Fernando
pediu a prisão preventiva dos
acusados, denunciando-os pelos crimes de quadrilha, corrupção passiva e prevaricação.
Os demais 21 suspeitos continuarão presos.
No pedido de prisão preventiva, o procurador-geral requereu o desmembramento do inquérito. Os casos dos quatro
magistrados e do procurador-regional, que têm foro privilegiado, foram mantidos no STF.
O inquérito com os demais 21
suspeitos foi remetido à 6ª Vara
Federal do Rio. Os procuradores da República no Estado pediram a prisão preventiva de
todos eles, o que foi aceito. Eles
devem ser transferidos para o
Rio em breve, mas isso ainda
depende de decisão judicial.
Entre os que continuarão
presos está o advogado e lobista
Virgílio Medina, irmão do ministro do STJ. Nas interceptações telefônicas feitas pela PF,
foram captadas conversas em
que Virgílio negociou com advogados da máfia dos bingos,
por R$ 1 milhão, decisão que seria proferida por seu irmão.
A liminar concedida por Paulo Medina, nos moldes do que
havia sido combinado pelos integrantes da organização criminosa, resultou na liberação
de 900 máquinas caça-níqueis
que haviam sido apreendidas.
Classificada pelo procurador-geral da República como
"esdrúxula", a liminar concedida por Paulo Medina foi posteriormente cassada pelo STF.
Zaqueu Teixeira
A assessoria do Ministério da
Justiça informou que o diretor-geral da PF Paulo Lacerda disse
ao assessor especial da pasta
Zaqueu Teixeira que a Operação Furacão não colheu indício
contra ele. Lacerda afirmou
que houve apenas uma conversa entre investigados pela operação na qual o nome de Zaqueu foi mencionado.
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