São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2008

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FHC diz a Aécio que prefere Serra em 2010

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em São Paulo, há menos de um mês, o governador Aécio Neves (MG), ouviu o ex-presidente Fernando Henrique manifestar uma preferência na disputa interna do PSDB pela candidatura ao Planalto em 2010: o governador José Serra (SP) deveria ser o candidato.
Isso desencadeou nova onda de aproximação de Aécio com o PMDB, que oferece ao tucano a sigla para concorrer em 2010.
A Folha obteve os relatos de interlocutores de FHC e Aécio. Todos dizem que o ex-presidente foi explícito na defesa da candidatura de Serra. "Política tem fila. Serra está na frente", disse FHC, segundo relatos.
O ex-presidente defendeu com ênfase a chapa puro-sangue. Serra na cabeça, Aécio na vice. FHC alertou o mineiro para o risco de divisão na sigla e do lançamento das candidaturas de Serra e Aécio, caso este opte por se filiar ao PMDB.
No cenário de racha tucano, no qual um dos dois desista e não reforce a campanha do outro, FHC avalia que a tendência seria eleger o candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também avalia que uma cédula com Serra pelo PSDB e Aécio pelo PMDB pode favorecer um petista.
Na conversa, Aécio disse que seria difícil justificar em Minas que não disputará a Presidência. Está no segundo mandato de governador. Suas outras opções seriam uma cadeira do Senado ou coadjuvar Serra.
FHC ponderou que Serra também teria dificuldade para não ser candidato. Ele é o líder em todos os cenários das atuais pesquisas sobre 2010. Já Aécio aparece entre os 10% e os 15%.
Para FHC, seria um erro lançar um candidato com menor taxa de intenção de voto. Em 2006, isso aconteceu, e o PSDB perdeu. O ex-governador Geraldo Alckmin foi o candidato. Na época, Serra tinha maior intenção de voto do que Alckmin.
Em 2006, Lula tentava a reeleição, e Serra temeu enfrentá-lo -não foi até o fim na disputa com Alckmin. Em 2010, Serra pretende ir até o fim.
Aécio saiu da conversa convencido de que precisa apresentar outras credenciais para viabilizar sua candidatura no PSDB. Quer mostrar, por exemplo, que aglutina mais forças políticas do que Serra.
Por isso participou de evento do PMDB em homenagem ao avô, o presidente Tancredo Neves, que morreu em 1985 antes de assumir. Ontem, em Ouro Preto (MG), Aécio deu outra demonstração de capacidade de articulação. O vice-presidente, José Alencar (PRB), foi o orador oficial do feriado de Tiradentes. E políticos de vários partidos foram agraciados com medalhas. Aécio montou um palanque amplo.


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