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FHC diz a Aécio que prefere Serra em 2010
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em São Paulo, há menos de
um mês, o governador Aécio
Neves (MG), ouviu o ex-presidente Fernando Henrique manifestar uma preferência na
disputa interna do PSDB pela
candidatura ao Planalto em
2010: o governador José Serra
(SP) deveria ser o candidato.
Isso desencadeou nova onda
de aproximação de Aécio com o
PMDB, que oferece ao tucano a
sigla para concorrer em 2010.
A Folha obteve os relatos de
interlocutores de FHC e Aécio.
Todos dizem que o ex-presidente foi explícito na defesa da
candidatura de Serra. "Política
tem fila. Serra está na frente",
disse FHC, segundo relatos.
O ex-presidente defendeu
com ênfase a chapa puro-sangue. Serra na cabeça, Aécio na
vice. FHC alertou o mineiro
para o risco de divisão na sigla e
do lançamento das candidaturas de Serra e Aécio, caso este
opte por se filiar ao PMDB.
No cenário de racha tucano,
no qual um dos dois desista e
não reforce a campanha do outro, FHC avalia que a tendência
seria eleger o candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Também avalia
que uma cédula com Serra pelo
PSDB e Aécio pelo PMDB pode
favorecer um petista.
Na conversa, Aécio disse que
seria difícil justificar em Minas
que não disputará a Presidência. Está no segundo mandato
de governador. Suas outras opções seriam uma cadeira do Senado ou coadjuvar Serra.
FHC ponderou que Serra
também teria dificuldade para
não ser candidato. Ele é o líder
em todos os cenários das atuais
pesquisas sobre 2010. Já Aécio
aparece entre os 10% e os 15%.
Para FHC, seria um erro lançar um candidato com menor
taxa de intenção de voto. Em
2006, isso aconteceu, e o PSDB
perdeu. O ex-governador Geraldo Alckmin foi o candidato.
Na época, Serra tinha maior intenção de voto do que Alckmin.
Em 2006, Lula tentava a reeleição, e Serra temeu enfrentá-lo -não foi até o fim na disputa
com Alckmin. Em 2010, Serra
pretende ir até o fim.
Aécio saiu da conversa convencido de que precisa apresentar outras credenciais para
viabilizar sua candidatura no
PSDB. Quer mostrar, por
exemplo, que aglutina mais
forças políticas do que Serra.
Por isso participou de evento
do PMDB em homenagem ao
avô, o presidente Tancredo Neves, que morreu em 1985 antes
de assumir. Ontem, em Ouro
Preto (MG), Aécio deu outra
demonstração de capacidade
de articulação. O vice-presidente, José Alencar (PRB), foi
o orador oficial do feriado de
Tiradentes. E políticos de vários partidos foram agraciados
com medalhas. Aécio montou
um palanque amplo.
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