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Brasil pedirá quebra de sigilos do caso Alstom no exterior
Solicitação para França e Suíça inclui 19 pessoas e empresas suspeitas de receber propina
Conselheiro do TCE e irmão do presidente do Metrô de SP, que negam ter conta fora do país, estão em lista do Ministério da Justiça
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Justiça vai
encaminhar nos próximos dias
à Suíça e à França pedidos de
quebra do sigilo bancário de 19
pessoas e empresas suspeitas
de ter recebido propina da Alstom para que a multinacional
francesa vencesse concorrências do governo de São Paulo.
Entre os nomes que constam
do pedido estão os de Robson
Marinho, conselheiro do TCE
(Tribunal de Contas do Estado), e o do engenheiro Jorge
Fagali Neto, irmão do presidente do Metrô. Marinho foi
chefe da Casa Civil no início do
governo de Mário Covas
(PSDB), entre 1995 e 1997,
quando o então governador,
que morreu em 2001, o indicou
para o TCE.
A Suíça bloqueou contas atribuídas a Marinho e a Fagali Neto, como a Folha revelou em
junho e agosto do ano passado.
Ambos negam ter contas
bancárias fora do país. Marinho disse ontem à Folha em
entrevista por telefone: "Pode
quebrar o sigilo que quiser.
Não há contas na Suíça nem na
França em meu nome" (leia
texto nesta página).
O empresário Sabino Indelicato, que foi secretário de
Obras quando Robson Marinho foi prefeito de São José dos
Campos, também aparece na
lista de pedido de quebra de sigilo. Os investigadores suíços
suspeitam que uma empresa
de Indelicato, a Acqua Lux, recebeu recursos da Alstom sem
prestar os serviços citados no
contrato. Também está na lista
o executivo francês Jean-Pierre Courtadon, que ajudou a
Alstom a ativar um contrato de
R$ 98 milhões com a Eletropaulo em 1998.
Negócios sob suspeita
A Alstom, maior multinacional francesa, produz trens e
metrôs e é líder mundial entre
os fabricantes de equipamentos para usinas elétricas. É investigada por suspeita de ter
pago propina para ganhar contratos com o Metrô e a Eletropaulo, privatizada em 1999. Inicialmente, os contratos investigados iam de 1998 a 2003, assinados durante os governos de
Mário Covas e de Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.
Com novos documentos suíços, os investigadores brasileiros decidiram estender o período até o ano passado, já na gestão do governador José Serra.
Uma investigação sobre lavagem de dinheiro num banco
suíço apontou que a Alstom teria pago comissões ilícitas para
ganhar negócios públicos em
países como Brasil, Argentina e
Indonésia. Segundo o Ministério Público da Suíça, a Alstom
francesa enviava recursos para
a sua filial suíça, que simulava
contratos de consultoria para
pagar comissões ilegais a políticos e funcionários públicos. No
último mês, a Alstom inglesa
foi incluída na apuração.
Um dos investigados no Brasil, Romeu Pinto Jr., confirmou
ao Ministério Público que recebeu cerca de US$ 1 milhão da
Alstom de outubro de 1998 a fevereiro de 2002 sem ter prestado o serviço de consultoria.
O dinheiro da Alstom foi depositado numa empresa offshore de Pinto Jr., a MCA Uruguay. Segundo ele, a empresa
foi criada por sugestão de um
ex-diretor financeiro da Alstom francesa, Phillipe Jaffré.
O pedido de quebra de sigilo
nos dois países foi feito pelo
promotor Silvio Marques, que
investiga o caso na esfera estadual, e o procurador Rodrigo de
Grandis, que apura as suspeitas
no plano federal.
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