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ONGs fazem "rodízio" para driblar limites de repasse de emendas
Ministério do Turismo investiga se esquema de empresas ligadas entre si era usado para burlar teto de pagamentos
Três associações receberam juntas R$ 11,6 mi de 2007 a 2009; ONGs negam parceria e se dizem concorrentes no mercado de festas oficiais
DIMMI AMORA
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Três ONGs que receberam
recursos do Ministério do Turismo têm vinculações entre si
e pagam com dinheiro público
empresas representadas pelos
próprios associados.
A Folha apurou que integrantes dessas entidades respondem a ações na Justiça e
subcontratam empresas com
problemas judiciais. Órgãos de
controle e o próprio ministério
investigam se a troca de funcionários e subcontratação das
mesmas empresas são usadas
para driblar o teto de repasses
imposto pelo governo.
A PAB (Premium Avança
Brasil), com sede em Luziânia
(GO), o IEC (Instituto Educar e
Crescer), do Distrito Federal, e
Equipe Chakart, de Goiânia
(GO), receberam R$ 11,6 milhões do Ministério do Turismo nos últimos três anos. Em
2009, Ao menos 19 congressistas destinaram recursos a elas.
Desde o ano passado o ministério impôs uma restrição de
valor de recebimento por entidade, de R$ 1,8 milhão por ano.
O temor do ministério é que essas vinculações entre as entidades sirva para driblar o teto daqui para a frente.
O IEC, que recebeu R$ 3,6
milhões em três anos, já teve
como presidente Idalby Cristine Moreno Ramos, que hoje é
secretária da entidade e já foi
contratada pela concorrente
PAB para prestar assessoria. A
mãe dela, Mônica Moreno Ramos, é conselheira da PAB, que
recebeu R$ 7,1 milhões em entre 2007 e 2009. O IEC também se liga à Chakart, que recebeu R$ 900 mil desde 2007.
Esses valores são o que efetivamente foi pago. As três entidades ainda têm recursos a receber desses anos.
Em 2009, o IEC teve empenhado R$ 800 mil para realizar
a Copa Planalto de Fórmula
400. Uma das subcontratadas
foi a Associação Sociocultural e
Desportiva do Estado de Goiás,
cujo responsável pelo site é
Guerino Luiz Persico, o Luiz
Foguete. Luiz aparece como
procurador da Chakart.
Os representantes do IEC estão envolvidos em ações na
Justiça. Idalby e os irmãos Caroline e Robson Quevedo respondem a processo em Mato
Grosso por desvio de recurso.
Robson da Rosa Quevedo,
que é réu na mesma ação que
Idalby, já foi vice-presidente do
IEC e é irmão de Caroline da
Rosa Quevedo. Caroline, que é
tesoureira do IEC, aparece como representante da empresa
Conhecer Consultoria, que já
foi subcontratada pelo IEC.
Já a Chakart apresentou nota de evento em 2009 da firma
LBS Eventos, cujo dono é Cleone Luiz Gomes, também dono
da Extensão Contábil. Ele foi
preso em fevereiro de 2010
acusado de fraudar benefícios
do seguro desemprego.
Mesmo às voltas com a Justiça, o poder dessas organizações
dentro do Congresso e do Ministério do Turismo é grande.
Além de dominarem as indicações parlamentares, elas conseguem fazer com que seus
convênios tenham análises e
autorizações de recursos em
velocidades e dias atípicos na
administração pública.
A PAB recebeu R$ 300 mil
para organizar festa de Réveillon em 2008, cujos contrato e
autorização dos gastos foram
assinado em 31 de dezembro.
Semana passada ela foi considerada inadimplente pelo ministério por não ter prestado
contas de um convênio. O IEC
também fez evento com autorização e contrato de véspera.
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