São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2010

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PSDB acusa Sensus com dado errado

Em notícia-crime contra instituto, tucanos usam pesquisa feita em SC, e não a nacional

Diferença está no percentual de entrevistados com renda de até um salário; advogado reconhece erro e afirma que denúncia será reformulada


BRENO COSTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O PSDB utilizou dados incorretos para basear a notícia-crime que o partido pretende apresentar hoje ao Ministério Público Eleitoral contra o Instituto Sensus, por divulgação de pesquisa fraudulenta. A Folha verificou que os advogados dos tucanos usaram uma pesquisa feita pelo instituto em Santa Catarina para atacar outra, nacional.
As informações referiam-se ao nível econômico dos entrevistados pelo Sensus em pesquisa divulgada na semana passada, que apontou um empate técnico entre os pré-candidatos à Presidência José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).
O PSDB encontrou cinco supostas irregularidades, relatadas em relatório produzido após análise, por técnicos do partido, nas 2.000 folhas de resposta da pesquisa contratada por um sindicato de São Paulo ligado à Força Sindical.
A principal delas, conforme citou anteontem o advogado do PSDB Ricardo Penteado, é justamente a que se baseou em dados errados.
O relatório afirma que os dados passados pelo instituto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) indicavam que 6% dos entrevistados tinham renda de até um salário mínimo.
O PSDB afirma, após checagem dos questionários, que os entrevistados naquela faixa de renda eram 17,7% -diferença favorável a um segmento do eleitorado supostamente mais simpático ao governo Lula.
A Folha, porém, analisou os dados disponíveis no site do TSE e constatou que, na verdade, a pesquisa na qual 6% dos entrevistados estavam na faixa mínima de renda foi uma realizada apenas em municípios de Santa Catarina, a pedido da Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística e registrada no dia 6 de abril sob o nº 7866/ 2010.
Os dados da pesquisa alvo da contestação do PSDB, por sua vez, apontam que 16,3% dos entrevistados tinham renda de até um salário mínimo -uma divergência muito menor e, segundo a Folha apurou, considerada normal.
O advogado do PSDB reconheceu o erro, segundo, um "equívoco" da área técnica que fiscalizou a pesquisa. Penteado disse que vai reformular a denúncia. "Não tenho o menor problema em reconhecer que houve um equívoco."
O diretor do Sensus, Ricardo Guedes, não comentou o caso.


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