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JANIO DE FREITAS
Para uso externo
O festival de entrevistas e
discursos expondo um presidente dedicado às soluções sociais, e não à saúde dos bancos e à privatização a qualquer preço, sofreu apenas breve interrupção sentimental.
Iniciado com entrevistas para a Espanha, preparatórias
da visita, entre elas sobressaiu
a concedida a "El País", pelo
valor de síntese: nela Fernando Henrique diz que está acabando com o estado de
mal-estar social. Embora isso
torne "a reeleição muito difícil", porque ele é "mais popular entre os pobres do que entre os ricos".
O festival e a sinceridade
prosseguiram no Chile. Apesar de uma ou outra de suas
inevitáveis gafes, como o "mucho obrigado" encerrador de
um discurso. Ou como esta
frase que só não é comprometedora porque não é reveladora: "Só há pobreza porque não
estamos moralmente comprometidos com o seu combate".
Pois é.
Deve-se a uma dessas intervenções, porém, que a Cúpula
das Américas incluísse, na declaração final dos presidentes,
a proposta brasileira de um
compromisso geral de observância aos direitos dos trabalhadores. Proposta muito interessante, sobretudo por partir de um governo que está,
como ocupação maior do seu
novo ministro do Trabalho,
listando os cortes e alterações
que deseja na legislação trabalhista. Não se precisa dizer
em que sentido.
Mas as atenções para o problema educacional, relacionado às condições de vida
atuais e futuras, não faltaram: "A educação é a alavanca para a igualdade e o instrumento mais efetivo para
melhorar as condições do nosso povo". É por isso que as
universidades perderam entre
6 e 8.000 professores, suas verbas sofrem cortes sobre cortes,
um professor universitário ganha menos do que um sargento e um professor de primeiro
ganha menos que um cabo da
PM.
O festival já recomeça na Espanha.
Grande feito
Pela ofensiva, de múltiplas
procedências, para publicação de notas dizendo que fulano ou sicrano é o provável
futuro ministro das Comunicações, já se vê que os punhais
entraram em ação com rapidez que assinala mais um recorde do atual governo. As
velas nem estavam apagadas
ainda.
O PFL e o PMDB não só
perderam a primazia conquistada, em sucessivas melhorias de velocidade, durante o governo Sarney. Estão até
relegados à segunda divisão:
as tentativas de homicídio,
perdão, a disputa pelo cargo
está fechada entre peessedebistas, esses engenheiros e
economistas que vieram moralizar a política brasileira.
Com uma ética que não é a
da responsabilidade.
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