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CONGRESSO
Afastamento pode prejudicar votação da reforma da Previdência
Pefelista é íntimo de FHC e vital nas articulações na Casa
da Sucursal de Brasília
Luís Eduardo Magalhães é o pefelista mais querido e respeitado
pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Por extensão, transformou-se no mais importante articulador do governo dentro da
Câmara dos Deputados.
Na presidência da Câmara dos
deputados durante os primeiros
dois anos de FHC no poder, Luís
Eduardo deu todo o apoio que pôde. Não admitiu sair do seu posto
sem antes entregar para o presidente a emenda da reeleição aprovada, em 28 de janeiro de 97.
Ganhou confiança total do presidente, por quem é atendido no
momento que deseja. Os outros
parlamentares enxergam poder
nessa proximidade. Acordos fechados entre o Executivo e o Legislativo antes de uma votação importante só tem relevância se Luís
Eduardo for um dos fiadores.
Se o seu período de convalescença for mais longo do que prevêem
os médicos, essa ausência deve
prejudicar os planos do Planalto
de aprovar a emenda da Previdência Social, a última grande reforma prevista para votação neste
ano.
Luís Eduardo era visto por alguns governistas como o substituto natural de Sérgio Motta, morto
no domingo à noite, nas negociações com a Câmara.
"Ele é o Sérgio Motta "light',
moderado. Não tem o mesmo
contato com o presidente, mas
tem prestígio", diz o líder do PFL
na Câmara, deputado Inocêncio
Oliveira (PE).
Para o líder do PTB na Câmara,
Paulo Heslander (MG), o governo
se fiava, principalmente, em duas
pessoas até hoje para obter sucesso nas votações na Câmara: Luís
Eduardo e Sérgio Motta.
Antes da notícia da enfermidade
de Luís Eduardo, o líder do PTB
declarou o seguinte à Folha:
"Agora, sem o Sérgio Motta, o governo ficará perneta na Câmara.
Vai parecer um saci-pererê só com
o Luís Eduardo".
Relação com FHC
O presidente FHC enxerga em
Luís Eduardo um dos principais
representantes da ala mais moderna do PFL. Apesar de ser filho do
presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), o deputado não carrega como o pai,
até por causa de sua idade (43
anos), a pecha de ter sido um dos
sustentáculos do regime militar.
Além disso, Luís Eduardo se revelou desde cedo um fiel receptor
de informações do Planalto. É raro
que uma notícia confidencial seja
vazada por intermédio do deputado. Esse comportamento comedido agrada a FHC.
Luís Eduardo completou 43 anos
no último dia 16 de março. Começou cedo na política pelas mãos de
seu pai.
Com 24 anos, em 79, foi deputado estadual pela Arena (Aliança
Renovadora Nacional, partido de
sustentação do regime militar) na
Bahia. Formou-se em direito apenas em 1981, pela Universidade
Federal da Bahia.
Até 87, foi deputado estadual. De
lá para cá, esteve sempre na Câmara em Brasília. Está no seu terceiro mandato e ocupa hoje o cargo de líder do governo na Casa.
A reação de seu pai ontem, tentando negar a gravidade da enfermidade, se deve ao fato de Luís
Eduardo ter pela frente duas campanhas políticas importantes:
uma neste ano e outra em 2002.
Pela tradição brasileira, políticos
costumam esconder do público
seu verdadeiro estado de saúde,
com receio de que isso possa prejudicá-los eleitoralmente.
ACM praticamente obrigou Luís
Eduardo a disputar o governo da
Bahia na eleição de outubro próximo. O filho preferiria ficar em
Brasília, seja como deputado ou
como senador.
Mas ACM considera vital a passagem do filho por uma função
executiva, como forma de ganhar
experiência para 2002. Nesse ano,
o sonho do PFL da Bahia é eleger
Luís Eduardo presidente da República.
(FERNANDO RODRIGUES)
Colaborou LÚCIO VAZ, da Sucursal de Brasília
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