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Ato reúne 7.000 pessoas, segundo a organização; para a PM, 4.000
Protesto marca comemoração
de Tiradentes em Ouro Preto
FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Ouro Preto
A solenidade de entrega da
Medalha da Inconfidência, que
ocorreu ontem em Ouro Preto,
Minas Gerais, atraiu mais manifestantes contra o governo do
que público.
O protesto, organizado pela
CUT (Central Única dos Trabalhadores), reuniu 7.000 pessoas,
segundo os organizadores, e
4.000, segundo a Polícia Militar.
Além dos manifestantes, cerca
de 2.000 pessoas, segundo a PM,
assistiram à solenidade que homenageou 290 personalidades.
Professores de universidades
federais, estudantes e outros
funcionários públicos começaram a ocupar o prédio da Escola
de Engenharia de Minas no início da manhã. Mas foram impedidos de entrar na praça Tiradentes, onde aconteceu a cerimônia, por um cordão de isolamento feito por PMs.
Por volta das 11h, cerca de 120
sem-terra, acompanhados de
representantes de partidos políticos, coordenadores do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) e outros manifestantes, chegaram à praça
em passeata.
Os sem-terra, que participaram do protesto que marcou o
segundo ano do massacre de Eldorado do Carajás, dia 17, em
Belo Horizonte, foram em marcha até Ouro Preto no sábado.
A segurança do evento neste
ano foi reforçada. Cerca de 600
PMs, o dobro do efetivo de 97,
participaram da operação. Não
houve confronto, mas muitos
policiais carregavam cacetetes e
bombas de gás lacrimogêneo.
Durante a cerimônia -entre
11h e 12h30-, os manifestantes
gritaram palavras de ordem e
xingaram o governador Eduardo Azeredo e o presidente Fernando Henrique Cardoso de
"ladrão". Eles carregavam
bandeiras e faixas com mensagens denunciando o caos na
educação e contrárias a FHC.
A entrega das medalhas foi
presidida pelo governador
Eduardo Azeredo e teve como
orador oficial o ministro do Planejamento, Paulo Paiva.
O som do cerimonial tentou
abafar o barulho dos manifestantes. Antes da solenidade, seis
caixas de som, instaladas em
frente à Escola de Engenharia,
tocavam músicas baianas em
volume alto. Por volta das 13h,
quando as autoridades já tinham deixado o palanque, os
manifestantes invadiram a praça, fizeram discursos e abraçaram a estátua de Tiradentes.
Houve empurra-empurra entre
policiais e manifestantes.
O governador Azeredo ficou
irritado. Seu discurso ressaltou
a necessidade de haver divergência sem radicalismo. Em entrevista, chamou os manifestantes de "minorias radicais e trogloditas". "É uma união de
corruptos e demagogos. São
pessoas que vieram em ônibus
pago pela CUT, e esse dinheiro
veio do imposto sindical. Não é
a população que está aqui. São
ativistas políticos que realmente
insistem em não entender a democracia", disse.
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