São Paulo, quarta, 22 de abril de 1998

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NO AR
O choque

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

- Morre em Brasília o deputado Luís Eduardo Magalhães.
O anúncio do apresentador William Bonner, ao abrir o Jornal Nacional, na Globo, não foi o primeiro. Antes dele vieram o de Paulo Henrique Amorim, no Jornal da Band, e o da CBN, a cadeia nacional de rádio.
Mas foi o do Jornal Nacional, simples, sem emoção, o que talvez tenha chocado mais o país.
Não era esperada outra morte, de outro líder político de tal porte -e no que parece uma semana de horror, de mortes que se acumulam e anestesiam a TV.
Luís Eduardo, filho de ACM e dado como presidenciável do PFL, foi internado à tarde com infarto e as redes, em sua maioria, como que incrédulas, mal registraram.
Nem sequer acompanharam, depois, como acontecia com Sérgio Motta.
As informações até à noite, quase que só pela Globo News, eram de que ele reagia bem, estava bem. ACM deu declarações animadoras.
Em choque, tanto quanto o telespectador, a TV não conseguiu imaginar cenários políticos e improvisou, em toda parte, biografias simples, sem dramatizar.
Foi o simples registro de uma morte -com o impacto imenso da morte.

A Justiça Eleitoral começa aos poucos a se mover, diante da campanha eleitoral aberta, pela TV.
E começa contra petistas. Em Brasília, segundo a Globo, ontem, foi proibida toda a propaganda do governo de Cristóvam Buarque.
Por outro lado, em Alagoas foram restabelecidos outra vez os direitos políticos de Fernando Collor.


Ontem, como que por ironia, apareceu na TV o primeiro comercial abertamente eleitoral dos petistas.
Enquanto o PSDB e o PFL pensam no ano 2000, em suas estratégias de campanha, o PT ainda não resolveu o seu antigo dilema de 1994, em torno do Plano Real.
Depois de cenas e algum drama, sempre buscando endemoninhar a moeda, entra o novo bordão:
- Se o fim da inflação é bom, imagine com justiça social...
Não se sabe ainda, até hoje, se o Plano Real, afinal, fica ou vai, num eventual governo dos petistas.


Quem quiser descobrir como vai a greve de fome dos sequestradores de Abílio Diniz, hoje em seu nono dia, não deve ligar a TV.
A rádio CBN é uma voz quase isolada, no acompanhamento do caso.


E-mail: nelsonsa@uol.com.br



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