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Para o Incra, invasões são manifestações políticas
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Orlando Muniz, refuta a tese do MST de que o governo promove assentamentos rurais a um ritmo muito lento.
"Nós fazemos a seguinte leitura:
nunca se assentou tanto no país
como agora. Se há invasões no
campo, elas são motivadas não
por inação do governo, mas por
serem parte de manifestações políticas do MST", diz.
Ele prevê um "refluxo" no número de conflitos a partir de agora, por conta da medida provisória do governo que impede vistoria para fins de reforma agrária de
terras invadidas. "Pode escrever,
não vamos vistoriar (terras invadidas) mesmo."
Segundo a estimativa do Incra,
o governo FHC assentou 80 mil
famílias em média por ano, contra 10 mil de média antes de 1994.
Para este ano e o próximo, o Incra
espera assentar 100 mil famílias.
Muniz afirma que os dados que
mostram a queda da renda no
campo no primeiro mandato de
FHC têm de ser "relativizados".
"Dependendo de quando e como a pesquisa é feita, pode haver
diferenças. Se for feita em época
de entressafra, obviamente haverá menos trabalhadores", afirma
o presidente do Incra.
Problema antigo
Para o gerente do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar), Ludgério Monteiro, a queda na renda no
campo "vem de lá atrás".
"Entre 1985 e 1990, a renda caiu
pela metade no setor rural. Houve
recuperação entre 1996 e 1998 e
nova queda no ano passado", diz.
Monteiro afirma que, na raiz
desse fenômeno, está o fato de os
preços de insumos -fertilizantes
e defensivos, por exemplo- terem subido mais do que os dos
produtos agrícolas.
"Apesar de todas essas circunstâncias, motivadas em parte por
razões externas, como queda nos
preços internacionais de alguns
produtos, o governo está fazendo
um esforço para aliviar a situação
dos agricultores", afirma o gerente do Pronaf.
Monteiro cita, como parte desse
"esforço", a renegociação de R$ 8
bilhões em dívidas contraídas por
agricultores antes de 1995 e a liberação de outros R$ 8 bilhões em
créditos do Pronaf desde sua criação, no início do governo FHC.
O Pronaf, administrado pelo
Ministério do Desenvolvimento
Agrário, é, segundo o gerente, "a
maior política do governo para
reduzir a desigualdade no campo". "O Pronaf não vai acabar
com a migração do campo para a
cidade, mas ajuda a diminuir
muito", diz Monteiro.
Ele afirma que, segundo dados
do ministério, 44% dos produtores beneficiados pelo Pronaf tiveram aumento de renda e 40% permaneceram com a renda estável.
Apenas 16% dos produtores tiveram queda de rendimentos.
"O Pronaf é uma revolução, o
primeiro programa a ser destinado à agricultura familiar. Pena
que o MST não entenda isso",
afirma Monteiro.
(FZ)
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