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SOMBRA NO TUCANATO
Manobra na Câmara livra ex-diretor do Banco do Brasil e empresário de deporem na CPI do Banespa
PSDB derruba ida de Ricardo Sérgio a CPI
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo derrubou ontem a
convocação de Ricardo Sérgio de
Oliveira e de Gregorio Marin Preciado para prestarem depoimento na CPI do Banespa. Os dois estavam convocados formalmente
desde o último dia 13 e deveriam
comparecer hoje para uma sessão
da comissão na Assembléia Legislativa de São Paulo.
No final da tarde de ontem, por
orientação do governo, o deputado federal Júlio Semeghini
(PSDB-SP), apresentou uma
questão de ordem à Mesa Diretora da Câmara propondo a derrubada dos depoimentos.
A decisão foi tomada nos últimos minutos da sessão, por volta
das 20h, e foi favorável ao governo. Não havia deputados de oposição em número suficiente para
entrar com recurso.
Antes da decisão, o líder do
PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), estava no plenário e se
certificou de que o governo venceria. "As convocações não se referiam ao objeto da CPI", disse o
líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
"Além de fora do período de investigação, o fato é irrelevante para o processo de privatização do
banco. Não queremos transformar a CPI em debate eleitoral.
Faltam quatro meses para as eleições e temos de trabalhar muito",
disse Semeghini. A CPI foi criada
para investigar o período em que
o Banespa ficou sob intervenção
do Banco Central, a partir de dezembro de 94. Ricardo Sérgio e
Gregorio Marin estavam convocados para explicar operações que
tiveram com o banco antes de 94.
"Argumentaram que as convocações estão fora do âmbito da
CPI, pois as operações seriam de
outro período. Não é verdade.
Mas é uma demonstração de como o governo teme esses depoimentos. Fizeram uma manobra
aos 46 minutos do segundo tempo e ganharam com um gol de
mão", disse o deputado Luiz Antônio Fleury Filho, presidente da
CPI do Banespa.
"No início da CPI foi feita uma
votação e, por unanimidade, ficou
decidido que seriam investigados
também os fatos que levaram à intervenção", diz o relator da comissão, deputado federal Robson
Tuma (PFL-SP).
Ricardo Sérgio, ex-arrecadador
de fundos para campanhas de José Serra, estava convocado para
explicar operações que teria feito
em 92 com o Banespa, envolvendo um valor equivalente a US$ 3
milhões. Em 95, documentos relativos a esse caso teriam "desaparecido", segundo Robson Tuma.
Gregorio Marin foi do Conselho
de Administração do Banespa de
83 a 87, com o apoio de José Serra
para ocupar o cargo. É casado
com uma prima do tucano e foi
sócio de Serra num terreno vendido em 95. Teria realizado operações de empréstimos no Banespa
que a CPI gostaria de esclarecer.
Na questão de ordem para derrubar os depoimentos, o governo
incluiu o pedido de cancelamento
da convocação de Vidal dos Santos Rodrigues, Antonio Diamantino Rodrigues, Roberto Visneviski e Ronaldo de Souza. Todos
estariam ligados ao empréstimo
de US$ 3 milhões com o qual Ricardo Sérgio estaria relacionado.
Ontem, Ricardo Sérgio também
enviou carta à Comissão de Fiscalização e Controle do Senado, que
aprovou convite para que o empresário prestasse depoimento,
dizendo que não vai comparecer.
"Por orientação de meus advogados, irei tudo esclarecer, num
clima de serenidade, de forma
discreta, evitando-se assim repercussões políticas neste período
pré-eleitoral", diz o documento.
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