São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003 |
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Fontes afirma que PT usa tática da ditadura e diz ter hospedado Dirceu
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Se a situação do deputado federal João Fontes (PT-SE) no partido já era difícil em razão de sua decisão de votar contra pontos da reforma previdenciária na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, agora ela ficou mais delicada com a divulgação, pelo petista, de um livro e de um vídeo, gravado em 1987, mostrando contradições no discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. João Fontes, 44, está filiado ao PT desde 1999. Antes disso, ele foi presidente da Companhia Energética de Sergipe de 1987 a 1988, no governo de Antonio Carlos Valadares, então no PFL. O deputado afirma que ficou só "quatro meses" no PL e que pertenceu ao PSB por "uns oito meses". Fontes agora é classificado por alguns setores do PT como um político de direita. "Eu conheço essa tática de desqualificação. A ditadura usava muito isso. Mas acredito que as pessoas estão de cabeça quente. Antes, nosso relacionamento era excelente: o Zé Dirceu [ministro da Casa Civil] passou 15 dias de suas férias em minha casa, na praia do Saco, em Aracaju", declarou o deputado. Para a direção petista, entretanto, o discurso radical é sempre qualificado como "recém-adotado" por Fontes. O político é citado como oportunista, o que ele nega. Ontem à tarde, em frente à sala onde a coordenação política do PT na Câmara e o presidente do partido, José Genoino, decidiam seu futuro político, o deputado estava tranquilo, bem-humorado e foi irônico durante a entrevista. (FERNANDA KRAKOVICS e FERNANDO RODRIGUES) Agência Folha - A coordenação do
partido na Câmara dos Deputados
deve afastá-lo da CCJ se o senhor
insistir em votar contra a tributação dos inativos. O senhor vai manter o seu voto? Agência Folha - O senhor pensa
em sair da CCJ? Agência Folha - A avaliação da direção do partido é de que o senhor
passou dos limites ao divulgar uma
fita de vídeo de 87, em que Lula
contradiz suas posições atuais. Agência Folha - O presidente nacional do PT, José Genoino, disse
que o senhor não tem autoridade
para cobrar coerência do presidente Lula porque está há pouco tempo no partido e foi presidente da
Companhia Energética de Sergipe
durante um governo do PFL. Agência Folha - A direção do partido está dizendo que o senhor se
promoveu e se elegeu usando a sigla do PT, a quem agora ataca. Agência Folha - O senhor tem dito
que Genoino está cometendo equívocos. O senhor defende a substituição dele na presidência do PT? |
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