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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Silas e Dilma
O governo fará todo o possível para caracterizar Silas Rondeau exclusivamente como "homem do Sarney", esforço facilitado pelo fato de que a ligação entre
o ministro colhido pela Operação Navalha e o senador
é antiga e profunda. O objetivo de martelar essa tecla é
manter no oblívio um outro aspecto igualmente verdadeiro: a proximidade de Silas com Dilma Rousseff,
que ao trocar a pasta das Minas e Energia pela Casa
Civil trabalhou tanto quanto Sarney para que o então
presidente da Eletronorte viesse a sucedê-la.
No que depender do governo, memórias como a de
que Rondeau "ganhou a confiança de Dilma" e "faz tudo o que a ministra pede", freqüentes no noticiário
pré-escândalo, serão deletadas por completo.
Em campo. Dilma Rousseff conversou com muita
gente no final de semana para
tomar a temperatura do estrago provocado pela Operação Navalha no setor elétrico.
Quem ouviu a ministra a descreveu como "apreensiva".
Arauto. Se Silas Rondeau
resistir à madrugada, encontrará hoje Tarso Genro, encarregado por Lula de "formar uma convicção" sobre o
titular das Minas e Energia.
Embora o ministro da Justiça
se apresse em dizer que só há
"indícios" contra Silas, chama
de "exemplar" o trabalho da
PF na Operação Navalha.
Longa data. As relações
entre a senadora Roseana
Sarney e Zuleido Veras, empreiteiro que está no centro
do escândalo, remontam a pelo menos 1998, ano de sua primeira eleição ao governo do
Maranhão. Ele participou da
campanha.
Bala perdida. Delcídio
Amaral (MS) é muito amigo
de arquiinimigos de Zuleido
Veras. Empenhados em varrer do mercado o proprietário
da Gautama, eles não esperavam ver o senador petista
atingido no tiroteio.
Desenvoltura. O lobista
Sérgio Sá, preso por intermediar recursos do programa
Luz para Todos para a Gautama, é figurinha fácil no Congresso, onde diz a quem quiser ouvir ser próximo de senadores como José Sarney
(PMDB-AP) e Antonio Carlos
Magalhães (DEM-BA).
Bate-papo. Na semana passada, quando foi informado
do mandado de busca e
apreensão conduzido na sede
de sua empresa, Zuleido Veras estava no escritório do deputado Paulo Magalhães
(DEM-BA), que, de acordo
com a PF, havia recebido do
empreiteiro R$ 20 mil.
Sem licitação 1. Segundo
o inquérito da PF, o ex-secretário de Infra-Estrutura de
Alagoas preso pela PF, Adeilson Bezerra, pediu a Zenildo
garotas de programa para um
encontro de secretários estaduais em abril deste ano.
Sem licitação 2. O empreiteiro repassou a incumbência ao diretor financeiro
da Gautama, Gil Jacó Carvalho Santos, também preso.
"Apesar dos esforços" de Gil,
afirma a PF, Adeilson reclamou a Zuleido porque as moças "não eram de qualidade".
Em casa. O diretor do centro de convenções de Alagoas,
João Ferro Novaes Neto, suposto intermediário entre Zuleido e Teo Vilela (PSDB), mora no 8º andar de um edifício à
beira-mar em Maceió. Seu vizinho do andar abaixo é o senador Renan Calheiros
(PMDB-AL). Amigo de infância do governador tucano, Neto trabalhou na arrecadação
de sua campanha em 2006.
Lei do silêncio. Não se
encontra no PSDB um único
cardeal disposto a se manifestar publicamente sobre a situação de Teo Vilela.
Roteiro único. Aécio Neves abraça hoje o Cristo Redentor como parte da campanha para tornar o monumento do Rio uma das novas sete
maravilhas do mundo. José
Serra, o outro presidenciável
tucano, faz o mesmo amanhã.
Tiroteio
No Brasil as empreiteiras não respeitam nem as
religiões. Após horrorizar budistas ao mostrar
as ações da Gautama, só falta a PF descobrir
alguma empresa Cristo Rei ou Só Alá é Grande.
Do historiador MARCO ANTONIO VILLA sobre a empresa que está no
centro da Operação Navalha por comandar desvios de verbas em obras
públicas, cujo nome é inspirado em Sidarta Gautama, o Buda.
Contraponto
Traço distintivo
Em 1988, o hoje deputado estadual Pedro Tobias
(PSDB) se elegeu vereador em Bauru (SP). Logo depois da
posse, seu irmão Moussa Tobias foi abordado na rua.
-Quem bom que o senhor ganhou!-, festejou o eleitor.
-Desculpe, mas sou apenas irmão do Pedro.
-Ah, não diga isso. Sei que o senhor é mão fechada,
mas bem que poderia me ajudar com um dinheirinho...
Impaciente, Moussa retirou algumas notas do bolso e
entregou ao homem, que comentou:
-É, o senhor não é mesmo o Pedro...
-Ah, é? Como o senhor se convenceu?
-Se fosse o vereador, me daria uma nota só.
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