São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2008

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Vazador passa à PF nome de quem fez dossiê

Na CPI, base e oposição fazem acordo pelo fim dos trabalhos; depoimento de Aparecido não terá continuidade

FERNANDA ODILLA
SIMONE IGLESIAS
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-secretário da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires, que vazou o dossiê com gastos do governo tucano, nomeou no depoimento que deu à Polícia Federal dez funcionários que participaram da "força-tarefa" para levantar os dados.
Todos eles trabalham na Casa Civil e pelo menos cinco são subordinados à Secretaria de Administração, chefiada por Norberto Temóteo, apontado por Aparecido como o responsável por recrutar os servidores e coordenar o trabalho.
O delegado da PF, Sérgio Menezes, confirmou à Folha os dez nomes. Dois deles ainda não prestaram depoimento: André Marcelo Gusmão Tavares de Oliveira, assessor técnico da Secretaria de Controle Interno, cedido por José Aparecido, e Joaquim Araújo Junior. Questionado se pretende intimá-los a depor, o delegado disse ser "provável".
Anteontem, na CPI dos Cartões, José Aparecido disse que os dois funcionários indicados por ele -André e Marcelo Veloso, que entregou cópia da planilha -abandonaram o grupo antes do fim do levantamento. "Saíram para fazer auditoria de gestão", disse Aparecido.
Entre os dez funcionários, está o ecônomo José Roberto de Assis Possa, segundo colocado em volume de gastos com cartão corporativo acumulados entre 2003 e 2007. Nesse período, o cartão dele gerou despesa de R$ 1,4 milhão. Os outros integrantes da força-tarefa são: Francisco Soares de Souza, Adélio Pereira Gomes, Eli Pinheiro da Silva, Paula Alcântara Pereira, Angela Maria Mascarenhas Melis e Elmo José de Albuquerque.
No final da tarde de ontem, a Folha tentou, sem sucesso, localizá-los na Presidência da República. A Casa Civil, que tem mantido sob sigilo o nome dos funcionários escalados para confeccionar o banco de dados seletivo, não se posicionou oficialmente.

Acordo na CPI
Mesmo após terem ouvido, na sessão de anteontem, os nomes do grupo responsável por confeccionar o dossiê citados por Aparecido na PF, base e oposição fizeram acordo para impedir a continuidade do depoimento do ex-secretário na CPI e encerrar os trabalhos.
Adiaram, ainda, para a próxima terça as votações do pedido de acareação entre ele e André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), e dos requerimentos para que sejam ouvidos os novos personagens do caso dossiê.
A base está disposta a usar a maioria que tem na CPI para não ouvir mais ninguém e partir para a elaboração do relatório final. "Todo mundo tem mais o que fazer", disse o deputado Carlos Willian (PTC-MG).
A estratégia para esvaziar a CPI começou a ser colocada em prática ontem, com o esvaziamento da reunião. Sem os cinco inscritos para interrogar Aparecido presentes, a presidente da CPI, Marisa Serrano (PSDB-MS), encerrou a sessão e dispensou o depoente. O deputado Nilson Mourão (PT-AC), que faria perguntas, estava na reunião, mas se retirou a pedido da base para não dar quórum.


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