São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2001

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ROMBO AMAZÔNICO

Senador consegue evitar comissão e ganha fôlego até agosto

Jader escapa de CPI, mas será investigado no Senado

Sérgio Lima/Folha Imagem
O presidente do Senado, Jader barbalho (PMDB-PA), que conseguiu se livrar de CPI na Casa, é cercado por jornalistas no Congresso


VERA MAGALHÃES
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os líderes governistas rejeitaram ontem a criação de uma CPI específica para investigar Jader Barbalho (PMDB-PA), mas tiveram de ceder e aprovar quatro medidas propostas pela oposição para apurar denúncias contra o presidente do Senado. Com isso, Jader ganha fôlego até o fim do recesso, mas pode ver o cerco contra ele apertar em agosto.
A reunião de três horas do colégio de líderes mostrou qual é a pedra no sapato de Jader: o caso Banpará, que apura o suposto desvio de recursos do banco estadual para aplicações do presidente do Senado e de seus familiares.
Os líderes do PMDB, Renan Calheiros (AL), e do PSDB, Sérgio Machado (CE), abortaram um acordo para aprovar na semana que vem um requerimento solicitando o envio ao Senado do relatório completo da auditoria feita pelo Banco Central no Banpará.
A oposição só conseguiu que o requerimento -que está engavetado desde março- seja enviado na próxima semana à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), mas a votação ficou para agosto.
Até lá, os partidos governistas tentarão modificar o requerimento, para que sejam enviadas ao Senado apenas as conclusões -que não incriminam Jader.
O líder tucano formou, com Renan, a tropa de choque de Jader. Na noite anterior, os dois articularam a estratégia de ação conjunta para barrar as propostas consideradas mais perigosas.
O PFL, representado pelo vice-líder Eduardo Siqueira Campos (TO), pouco falou, mas se juntou aos demais governistas nos momentos de impasse.
A oposição também se reuniu na véspera e, depois de semanas de discordância, fechou a proposta de CPI só sobre Jader.
Mais uma vez coube a Renan e Machado vetar a proposta. O primeiro argumentou que uma CPI para investigar o presidente do Senado precisaria de fatos concretos, não apenas indícios. Machado disse que uma investigação desse tipo atingiria o governo.
Jader pouco falou na reunião. Tentou repetir a defesa que fizera para a bancada do PMDB, mas a oposição preferiu discutir as propostas. Jader só se opôs quando a pauta chegou ao tema Banpará. Disse que o relatório já foi arquivado várias vezes e que o caso está com o Ministério Público.
Os líderes concordaram em aprovar um requerimento da oposição pedindo a quebra dos sigilos bancários do ex-banqueiro Serafim de Moraes, de sua mulher, Vera Arantes Campos, e do empresário Vicente Pedrosa.
O objetivo é rastrear um suposto cheque equivalente a R$ 1,3 milhão que teria sido pago pelo casal ao empresário por TDAs (Títulos da Dívida Agrária), emitidos de forma ilegal, e que teria sido entregue a Jader. O pedido será votado na terça-feira na CCJ e, no dia seguinte, no plenário.
Também na próxima semana os líderes vão ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, para cobrar pressa nas investigações sobre Jader. Mais dois senadores, além do corregedor da Casa, Romeu Tuma (PFL-SP), vão acompanhar o inquérito da Polícia Federal sobre os TDAs.
Por fim, será realizada na semana que vem a eleição dos novos membros do Conselho de Ética.
Jader se disse "satisfeito" com o resultado da reunião. Ele espera que a PF e o Ministério Público "esclareçam logo essa comédia" e repetiu a tese de que as denúncias são parte de uma "orquestração" contra ele e o PMDB.


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