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INVESTIGAÇÃO INTERNACIONAL
Pena é perda do dinheiro
Promotoria investiga Maluf por suspeita de enriquecimento ilícito
DA REPORTAGEM LOCAL
As contas de Paulo Maluf e de
seus familiares na ilha de Jersey,
paraíso fiscal no canal da Mancha,
motivaram a abertura de um terceiro inquérito para investigar o
ex-prefeito. A Promotoria de Justiça da Cidadania, órgão do Ministério Público do Estado de São
Paulo, abriu inquérito para apurar suposto enriquecimento ilícito do pepebista.
Outros dois procedimentos investigatórios já foram abertos no
Brasil. O Ministério Público Federal abriu uma representação criminal para apurar suposta evasão
de divisas e sonegação fiscal por
parte de Maluf.
Em outra frente, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), também órgão do Ministério Público
de São Paulo, abriu outro inquérito baseado em indícios de suposta
lavagem de dinheiro.
Conforme a Folha apurou, Maluf e seus familiares mantêm pelo
menos US$ 200 milhões (cerca de
R$ 476,2 milhões pela cotação de
ontem) em contas na ilha de Jersey. Nas declarações de bens de
Maluf não constam valores depositados no exterior. Maluf nega a
existência das contas.
O inquérito civil que investiga
suposto enriquecimento ilícito de
Maluf foi aberto em 12 de junho
-dois dias após a publicação de
reportagem da Folha-, por meio
de portaria dos promotores Sérgio Turra Sobrane, Túlio Tadeu
Tavares e Silvio Antonio Marques. Para eles, a existência da
conta "configura, em tese, improbidade administrativa na modalidade enriquecimento ilícito no
exercício de função pública".
A Lei de Improbidade Administrativa define como enriquecimento ilícito o fato de o agente
público obter patrimônio em valor desproporcional à sua renda.
A pena mais grave para agentes
públicos que cometem atos de
improbidade administrativa com
enriquecimento ilícito é a perda
dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao seu patrimônio.
O inquérito civil é o primeiro
passo para a ação civil pública por
ato de improbidade administrativa. Nele, são reunidas provas do
eventual enriquecimento ilícito.
Para conseguir essas provas, os
promotores precisam receber
uma comunicação oficial das autoridades de Jersey sobre os depósitos da família Maluf.
Até agora, a Polícia de Jersey somente enviou e-mails às autoridades brasileiras sobre as movimentações da família Maluf.
Os promotores da Cidadania
mandaram traduzir os e-mails
-escritos em inglês- para, depois, solicitar a um juiz brasileiro
que faça um pedido oficial de informações às autoridades de Jersey sobre as contas de Maluf.
Caso obtenham as informações
de Jersey, os promotores poderão
propor uma ação civil pública por
ato de improbidade administrativa contra Maluf.
Nesse caso, ocorreria o que os
juristas chamam de "inversão do
ônus da prova". Isso significa que
o réu é quem teria de provar sua
origem lícita do dinheiro.
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