São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2004

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TODA MÍDIA

Em turnê

NELSON DE SÁ

- Lula está com a cabeça em Nova York.
Foi a menção da Globo para a viagem aos Estados Unidos.
O "Financial Times" deu reportagem intitulada "Lula leva turnê do Brasil a Wall St.". Disse que a visita ocorre em meio à "tensão renovada" nas relações com os EUA. Citou a derrota nos subsídios ao algodão e as conversas paradas na Alca -em contraponto às conversas Mercosul/União Européia, que "avançam consideravelmente".
A reportagem mistura elogios ao "carismático" e "popular" Lula com temores diante dos projetos parados no Congresso, de "avanço em infra-estrutura e regulação", que melhorariam o "clima para investimentos".
Jornais hispânicos e latino-americanos, por outro lado, reproduziram a agência EFE, destacando não só os encontros com investidores, mas a busca de "apoio contra a fome".
O ministro Luiz Furlan, na agência e no "Le Monde", fez discurso de vendedor, do tipo "os números mostram que o Brasil voltou a crescer".
O mesmo "Le Monde" e jornais pela América Latina reproduziam ontem a longa entrevista de Lula ao "El País" de domingo. Pergunta e resposta:
- Como contempla a relação com potências comerciais como os EUA e a União Européia?
- Do comércio exterior do Brasil, 26% são com os EUA, 26% são com a União Européia. Com a relação já forte, diminui a possibilidade de ampliação... Temos que aproveitar o potencial de outros países. Do contrário, somos todos dependentes de EUA e UE. Quero relação de paz e amor com os EUA e a UE, mas quero defender para mim o que eles defendem para eles.
E fechou, "carismático":
- Eu não posso me conformar em ser pobre.

O GRANDE IRMÃO DO NORTE

A Argentina não está gostando. O "La Nacion" deu longo dossiê, no domingo, intitulado "O grande irmão do norte", sobre o Brasil. O texto principal abria assim:
- Ainda que sem a vocação imperialista de outras épocas, o Brasil hoje está mais decidido do que nunca a exercer uma liderança paternalista na América Latina e a atuar como o contrapeso dos Estados Unidos.
O dossiê sublinhava que "um ponto distingue a política exterior brasileira, e é a sua coerência". Comparava com a da Argentina -que, "é claro, é a antítese".
O dossiê seguiu em parte as opiniões do especialista em comércio Juan Tokatlian, que elogia as ações brasileiras.

O IRMÃO DO SUL

Mas não falta apoio ao Brasil na Argentina. O "Clarín" deu longa reportagem intitulada "Potências do futuro", ou seja, os países Bric (Brasil, Rússia, Índia, China), ao falar da viagem do presidente Néstor Kirchner a Pequim.
E tanto "Clarín" como "La Nacion" ressaltam a reação da chancelaria argentina à União Industrial Argentina -que, no fim de semana, criticou a abertura do país aos produtos brasileiros. A chancelaria acusou a UIA de agir "com objetivo político" e "pensar como nos anos 90, num país que podia viver encerrado em si mesmo".

A volta
Paulo Maluf foi ao ataque, em sua primeira chance de maior exposição no horário nobre. Seu programa trouxe um argumento contra os escândalos -a Eucatex, que "me deu o dinheiro e que me dá a independência que os outros não têm".
E de resto atacou José Serra (juros, "caos" na saúde) e Marta Suplicy ("caos" no trânsito).

Minutos a mais
A pesquisa do Ibope, no "Diário de S.Paulo", levou o PSDB paulistano a questionar o uso da propaganda municipal.
E sobretudo estimulou uma corrida pelas alianças. O PL fechou com a petista e garantiu a ela mais tempo de horário eleitoral gratuito do que Serra, segundo a Globo On Line.
E o PFL emplacou o vice que bem quis, para José Serra.

Corre-corre
O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, correu para adiantar-se ao ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) e anunciar, com "exclusividade" até para as rádios Jovem Pan e CBN, o fim do embargo da China à soja.
Aos poucos, porém, predominou no UOL, no Jornal Nacional, no "Financial Times" e nos demais a versão do Ministério da Agricultura.

O primeiro navio
A entrevista de um secretário gaúcho à rádio Gaúcha, também com "exclusividade", ajuda a entender o corre-corre:
- Em função de um primeiro navio em que, segundo eles, havia acentuada presença de sementes [com fungicida] levamos um puxão de orelhas.
O navio saiu de Rio Grande.

LÍDER Não foi o plantão da Globo que anunciou. Foi o site do PDT, dizendo que "o grande líder trabalhista brasileiro, Leonel de Moura Brizola, acaba de falecer". Seguia-se um texto de Darcy Ribeiro sobre aquele foi "o principal líder de esquerda"


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