|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CONSELHO DE ÉTICA
Ex-ministro depõe no Conselho de Ética, mas se recusa a revelar tudo o que ouviu de Jefferson
Miro confirma à Câmara ter sido informado sobre mesada
FÁBIO ZANINI
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Miro Teixeira (PT-RJ) confirmou ontem, em depoimento de mais de três horas ao
Conselho de Ética da Câmara, ter
sido informado em dezembro de
2003 do suposto esquema de
"mensalão" por Roberto Jefferson (PTB-RJ), mas recusou-se a
revelar tudo o que ouviu dele a
respeito de corrupção no governo. "Ele [Jefferson] é o dono da
história. Eu não quero ser seu
porta-voz", justificou.
Ex-ministro das Comunicações,
Miro também entrou em contradição com o depoimento do petebista em pelo menos dois pontos.
"Confirmo que Roberto Jefferson esteve comigo e fez menção a
isso que se chama "mensalão'",
afirmou o deputado ao iniciar o
seu depoimento.
Miro, que depôs uma semana
depois de Jefferson, disse não ter
denunciado o suposto esquema
-que consistiria no pagamento
de mesada pelo PT a deputados
do PP e do PL- porque Jefferson
teria se recusado a ir a público.
"Uma coisa é ouvir falar, outra
coisa é presenciar. (...) Não desqualifico o depoimento do Roberto Jefferson, o que acho é que é temerário atingir deputados assim
dessa maneira [sem apresentação
de provas]", afirmou, em depoimento de três horas.
Segundo ele, desde o final de
2003, quando ainda era ministro,
buscou provas do esquema. "Vinha perseguindo essa prova, juntamente com outros deputados,
até do PSDB. (...) Dediquei muitas
horas de muitos dias nessa investigação até que saiu a entrevista
do Jefferson à Folha", afirmou o
petista, que disse não ter conseguido obter nenhuma prova.
Nova denúncia
Miro disse que Jefferson fez outra denúncia de corrupção no governo, mas se negou, entretanto, a
revelar qual seria o outro esquema. A história contada teria ocorrido no Ministério dos Transportes e envolveria o então ministro
Anderson Adauto, representantes
de três partidos e um diretor de
departamento. Adauto nega.
Em seu depoimento na semana
passada, Jefferson negou ter contado a Miro algum outro episódio
de corrupção no governo. Além
dessa contradição, o petebista relatou ter apontado ao então ministro das Comunicações nome
de pessoas que participavam do
"mensalão". Miro negou ter ouvido esses nomes.
Miro disse aos mais de 30 deputados que participaram da sessão
que apelou, em 2003, para que a
história fosse contada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o líder do PTB na Câmara, José Múcio (PE), Jefferson teria dito que era só marcar a audiência que ele iria. Miro negou
essa disposição. "Jefferson, isso é
grave. Se o que você falou é verdade, vão fechar o Parlamento", teria dito ele, segundo seu relato.
O petista afirmou ainda que em
2004, após sair do governo e retornar à Câmara, chamou Jefferson para denunciar o esquema no
plenário. Jefferson se recusou,
versão que ambos sustentam.
Miro também refutou a afirmação de que recuou na denúncia
que teria feito sobre o suposto
"mensalão" em setembro de 2004
ao "Jornal do Brasil". O deputado
diz nunca ter confirmado a história ao jornal.
O deputado Gustavo Fruet
(PSDB-PR) classificou o depoimento de Miro como importante.
"Se reveste de importância porque é a primeira pessoa que confirma as informações de Jefferson
[sobre ter contado a ministros o
esquema do "mensalão"]."
Texto Anterior: Renan contraria governistas e diz que CPI deve investigar "mensalão" Próximo Texto: Raquel dirá que Mabel propôs mesada Índice
|