São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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MST de Rainha inicia nova onda de invasões no interior

Cerca de 300 militantes invadiram duas fazendas em Araçatuba; objetivo da "Operação São João" é invadir 18 áreas até domingo

CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM ARAÇATUBA

Quatro meses depois de promover 14 invasões de fazendas num intervalo de quatro dias, a ala do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) liderada por José Rainha Jr., 46, iniciou ontem nova onda de ações em São Paulo.
A ofensiva, batizada de "inverno quente" e "operação São João", começou com a invasão de duas propriedades rurais na madrugada de ontem, em Araçatuba (530 km a oeste de SP).
Sérgio Pantaleão, aliado de Rainha, disse que a meta é invadir 18 áreas até domingo, dia de São João, nas regiões de Araçatuba e no Pontal do Paranapanema, num protesto contra os governos estadual e federal por "agilidade na reforma agrária".
Os alvos ontem foram as fazendas Aracanguá (4,2 mil ha) e Araçá (2,6 mil ha), que cultivam cana-de-açúcar. Segundo o MST, cerca de 300 pessoas participaram das invasões. A PM não tinha estimativa sobre o número de participantes. Entre os militantes do MST, estavam trabalhadores rurais de sindicatos filiados à CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Proibido pela direção nacional do MST de atuar em nome do movimento, José Rainha participou diretamente da invasão na Aracanguá, administrada pela CFM Agropecuária. A reportagem tentou ouvir a CFM Agropecuária, mas foi informada que a direção estava em reunião e não podia atender. A assessoria não ligou de volta. Já os proprietários da Araçá não foram localizados.
Rainha era um dos integrantes do comboio de dois caminhões e dezenas de carros que chegou à propriedade por volta das 5h40 de ontem. À Folha o líder sem-terra negou ter liderado a ação. "Estou como um militante do MST", disse.
Desde 2003, quando ficou 121 dias preso por crimes como formação de quadrilha e porte ilegal de arma, essa foi a segunda vez que Rainha participou de uma invasão. Temendo novos processos, Rainha, que ganhou o direito de responder em liberdade a condenações que somam 18 anos de prisão, passou esse período só articulando as ações -visitava as áreas invadidas por seus grupos dias depois, para evitar processos.
"Aqui na região de Araçatuba entramos [nas fazendas] para pressionar o Incra e a Justiça federal a agir e desapropriar as áreas para assentar as famílias. Já no Pontal, onde as famílias também vão ser mobilizadas, protestamos contra a legitimação da grilagem que o governador Serra quer fazer" -referindo-se a um projeto de regularização de áreas acima de 500 ha.


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