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MST de Rainha inicia nova onda de invasões no interior
Cerca de 300 militantes invadiram duas fazendas em Araçatuba; objetivo da "Operação São João" é invadir 18 áreas até domingo
CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM ARAÇATUBA
Quatro meses depois de promover 14 invasões de fazendas
num intervalo de quatro dias, a
ala do MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem
Terra) liderada por José Rainha Jr., 46, iniciou ontem nova
onda de ações em São Paulo.
A ofensiva, batizada de "inverno quente" e "operação São
João", começou com a invasão
de duas propriedades rurais na
madrugada de ontem, em Araçatuba (530 km a oeste de SP).
Sérgio Pantaleão, aliado de
Rainha, disse que a meta é invadir 18 áreas até domingo, dia de
São João, nas regiões de Araçatuba e no Pontal do Paranapanema, num protesto contra os
governos estadual e federal por
"agilidade na reforma agrária".
Os alvos ontem foram as fazendas Aracanguá (4,2 mil ha) e
Araçá (2,6 mil ha), que cultivam
cana-de-açúcar. Segundo o
MST, cerca de 300 pessoas participaram das invasões. A PM
não tinha estimativa sobre o
número de participantes. Entre os militantes do MST, estavam trabalhadores rurais de
sindicatos filiados à CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Proibido pela direção nacional do MST de atuar em nome
do movimento, José Rainha
participou diretamente da invasão na Aracanguá, administrada pela CFM Agropecuária.
A reportagem tentou ouvir a
CFM Agropecuária, mas foi informada que a direção estava
em reunião e não podia atender. A assessoria não ligou de
volta. Já os proprietários da
Araçá não foram localizados.
Rainha era um dos integrantes do comboio de dois caminhões e dezenas de carros que
chegou à propriedade por volta
das 5h40 de ontem. À Folha o
líder sem-terra negou ter liderado a ação. "Estou como um
militante do MST", disse.
Desde 2003, quando ficou
121 dias preso por crimes como
formação de quadrilha e porte
ilegal de arma, essa foi a segunda vez que Rainha participou
de uma invasão. Temendo novos processos, Rainha, que ganhou o direito de responder em
liberdade a condenações que
somam 18 anos de prisão, passou esse período só articulando
as ações -visitava as áreas invadidas por seus grupos dias
depois, para evitar processos.
"Aqui na região de Araçatuba
entramos [nas fazendas] para
pressionar o Incra e a Justiça
federal a agir e desapropriar as
áreas para assentar as famílias.
Já no Pontal, onde as famílias
também vão ser mobilizadas,
protestamos contra a legitimação da grilagem que o governador Serra quer fazer" -referindo-se a um projeto de regularização de áreas acima de 500 ha.
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