São Paulo, segunda-feira, 22 de junho de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Disque-TCU

Ao apresentar amanhã o relatório da comissão que realizou levantamento dos atos secretos, o primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), vai propor ao presidente, José Sarney (PMDB-AP), que entregue a técnicos do Tribunal de Contas da União a tarefa de auditar tanto os atos como a folha de pagamento, jamais submetida a exame externo e inacessível mesmo para instâncias de controle da Casa.
A comissão encontrou cerca de 600 atos secretos, registrados em aproximadamente 300 boletins. Mas nada garante que isso seja tudo. Exemplo: o ato que garantiu serviço médico vitalício a diretores do Senado só existe em papel; não foi localizado no sistema.




Perigo. Com cerca de dez páginas, mais anexos, o relatório a ser divulgado amanhã conclui que o sistema de registro dos atos é ao mesmo tempo complexo e vulnerável. Pode ser alimentado e modificado à margem de controle.

Em coro. Ao anunciar, na manhã de sexta, a abertura de uma nova sindicância interna, desta vez para apurar responsabilidades sobre os atos secretos, Sarney não fez mais do que repetir sugestão que lhe foi dada pela própria comissão responsável pelo relatório a ser apresentado amanhã.

Digitais. Quem se debruçou sobre os atos secretos acha difícil que Agaciel Maia venha a pagar a conta sozinho. Há muitos assinados por seu número dois, o hoje diretor-geral Alexandre Gazineo, e outros tantos por João Carlos Zoghbi, ex-diretor de RH.

Saco de bondades. Um senador explica a longevidade de Agaciel na diretoria-geral: "Ninguém dura 14 anos naquele cargo se não tiver vocação para Papai Noel".

Assim não dá. Na equipe econômica, há quem aconselhe Lula a simplesmente retirar do Congresso o projeto de valorização do salário mínimo, dada a ameaça dos parlamentares de estender as novas regras a todas as aposentadorias. O texto, de 2007, prevê que o mínimo seja reajustado até 2011 pela inflação mais o crescimento real do PIB aferido dois anos antes.

Lula e SP 1. Em recente conversa reservada, Lula apontou Antonio Palocci como seu favorito para representar o PT na disputa pelo governo de São Paulo. Mas manifestou preocupação com a demora do Supremo em decidir se arquiva ou não a denúncia contra o ex-ministro no caso do caseiro. Citou também o desempenho modesto de Palocci nas pesquisas.

Lula e SP 2. Feitas as considerações sobre Palocci, Lula aventou a hipótese Fernando Haddad (que não vai melhor nas pesquisas) e cobriu de elogios o ministro da Educação. Sobre Ciro Gomes (PSB-CE), que alguns petistas querem transplantar para São Paulo, o presidente não disse palavra.

Focalizado. Pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (Justiça) lançará em Porto Alegre, nesta semana, o Plano Nacional de Combate às Drogas. Com foco na redução da criminalidade, são R$ 51,6 milhões para investimento em cinco capitais, entre elas a gaúcha.

Já era. Deve morrer por falta de apoio a "PEC da bengala", que eleva de 70 para 75 anos a idade da aposentadoria compulsória de servidores públicos e ministros dos tribunais superiores. Os padrinhos de peso da emenda eram senadores interessados em manter no STJ 13 ministros que se aproximavam da idade-limite. Mas o tempo passou, e todos se aposentaram.

O breve. No STF, por uma combinação de fatores, restou só Carlos Ayres Britto interessado na PEC. Ele assumirá a presidência em 2012, oito meses antes de se aposentar. Com a emenda, poderia desfrutar dos dois anos no cargo.

Tiroteio

"Sarney estaria melhor servido se não tivesse recebido apoio de alguém que, na mesma semana, defendeu o resultado da eleição no Irã."

Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA), sobre a solidariedade manifestada ao presidente do Senado por Lula, que também fez pouco das acusações de fraude na vitória de Mahmoud Ahmadinejad.


Contraponto

Quem fala o que quer...

Com a morte de Franco Montoro (1916-1999), Zulaiê Cobra, então suplente do tucano, assumiu uma vaga na Câmara dos Deputados. Conhecida pelo temperamento explosivo, ela mal chegou e já comprou briga com o colega Ibrahim Abi-Ackel. O barraco se deu durante a votação de uma matéria de direito constitucional.
-Isso é uma bobagem!- sentenciou Zulaiê, contrariada com o parecer que Abi-Ackel havia feito para o caso.
Ele rebateu de imediato:
-Bobagem não, porque bobo não sou. Aliás, bobo não consegue chegar aqui. No máximo, chega como suplente.

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