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Petrobras tira gerente que gastou R$ 151 mi
Demitido por suspeita de desvio, Geovane de Morais favoreceu produtoras que atuaram nas campanhas de Jaques Wagner (PT)
Ligado ao PT baiano, Morais, que não foi encontrado pela reportagem, controlava um orçamento de R$ 31 mi, mas o estourou em R$ 120 mi
LEONARDO SOUZA
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Demitido por justa causa por
suspeitas de desvio de recursos,
o ex-gerente da Petrobras Geovane de Morais estourou o orçamento de sua área em 2008,
ano de eleições municipais, em
quatro vezes. Ele gastou, sem licitação nem autorização formal, R$ 120 milhões a mais do
que o previsto.
Conforme a Folha revelou,
entre as empresas beneficiadas
por Morais estão duas produtoras de vídeo que trabalharam
nas campanhas do governador
Jaques Wagner (PT-BA) e de
duas prefeitas do PT.
As produtoras receberam R$
4 milhões em 2008, sendo R$
1,5 milhão para filmar festas de
São João e Carnaval na Bahia.
Ligado à ala do PT baiano
oriunda do sindicato dos petroleiros e químicos do Estado,
Morais tinha um orçamento na
comunicação do Abastecimento de R$ 31 milhões para o ano
passado. Contudo, fez pagamentos de R$ 151 milhões.
A estatal reconheceu que
uma das razões para a demissão, formalizada em abril, foram os gastos muito acima do
orçamento. Além disso, a empresa informou que ele desrespeitou outras normas internas,
como pagamentos sequenciais
a uma mesma empresa, ao invés de celebrar um contrato.
Em outras palavras, no lugar
de negociar um pacote com um
mesmo fornecedor, o que permite reduzir custos, Morais fazia vários desembolsos picados,
elevando os ganhos dos prestadores de serviços. Essa prática
é muito usada para driblar licitações e favorecer empresas
previamente escolhidas.
As duas produtoras ligadas
ao PT, a Movimento Produções
e a M&V Produções, estão nessa situação. A Folha obteve os
contratos da Gerência de Comunicação do Abastecimento
de 2008. Foram mais de 90 pagamentos às duas produtoras,
com diferença de dias na maioria dos casos e referentes a serviços diretamente interligados.
Há desembolsos distintos, por
exemplo, para filmagem e sonorização do mesmo evento.
Os dados demonstram que
os valores destinados às duas
explodiram depois que Morais
assumiu o cargo, no final de
2004. Naquele ano, somente a
Movimento foi contratada, por
R$ 163 mil. No ano seguinte, as
duas embolsaram R$ 291 mil.
Em 2006, ano em que Jaques
Wagner se elegeu, foi R$ 1,074
milhão, passando para R$ 1,87
milhão em 2007. Em 2008,
chegou aos R$ 4 milhões.
Vagner Angelim, dono das
produtoras, nega favorecimento. Ele trabalhou na vitoriosa
campanha de Wagner ao governo da Bahia, em 2006.
Outra empresa beneficiada
por Morais é a Captura Produções. No ano em que foi aberta,
2008, recebeu R$ 1,15 milhão
da Petrobras. Entre seus clientes está a Movimento Produções. Investigação da gestão de
Morais constatou "indícios de
pagamentos sem a devida entrega de serviços contratados".
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