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São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

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Aécio cobra acordo na tributária

DA AGÊNCIA FOLHA

Na véspera de nova rodada de negociação com o Planalto sobre a reforma tributária, o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), endureceu o discurso.
Aécio cobrou o cumprimento da parceria proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que, se não houver entendimento político com o governo, deverá haver embate no Congresso, o que tornará incerto o desfecho da reforma.
"Se caminharmos de forma desunida para essa discussão no Congresso, não sabemos que fim teremos", disse ele.
Questionado sobre se o governo está aberto à negociação, depois de conversar no final de semana com o ministro Antonio Palocci (Fazenda), o governador tucano disse: "Espero que sim, porque fomos chamados no início do ano pelo presidente da República para construirmos uma parceria".
Ele cobrou abertamente uma compensação pelo recuo do governo na reforma da Previdência. Disse que os Estados foram "atropelados" porque o governo colocou sobre o ombro dos governadores o ônus da manutenção do texto inicial. Os Estados cederam, segundo Aécio, para "retomar o clima de confiança".
Os cinco governadores que representam as regiões do país se reúnem hoje com os ministros Palocci e José Dirceu (Casa Civil), às 10h30, e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, às 15h.
Nos dois encontros, Aécio, Germano Rigotto (PMDB-RS), Wilma de Faria (PSB-RN), Eduardo Braga (PPS-AM) e Marconi Perillo (PSDB-GO) insistirão na divisão da arrecadação obtida com a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e com a Cide (contribuição sobre o consumo de combustíveis) entre União e Estados.
Além disso, vão debater a formação dos fundos de compensação das exportações e de desenvolvimento regional.
Aécio disse que não é mais possível que prevaleça a "lógica da concentração da arrecadação" na União, que muitos Estados estão em situação de "pré-insolvência" e que não dá mais para o governo fazer "superávit primário à custa dos Estados". Os governadores querem uma definição "clara" acerca da fonte de recursos que vão sustentar os fundos.
Segundo Wilma de Faria, os governadores não querem que o bolo tributário aumente, mas que a arrecadação federal seja dividida com os Estados.
"A divisão das contribuições é a forma mais justa de garantir o desenvolvimento da região sem dar esmola para ninguém. Cada um fazendo a sua parte", disse. Sobre a criação dos fundos, ela disse que "a sua formação é um ponto intocável para os governadores".
Wilma acredita que, para evitar desgaste com o eleitorado, deputados vão defender que a carga tributária não cresça com a reforma, o que pode criar obstáculos para sua aprovação na Câmara.
O governador do Rio Grande do Sul considera que as reformas na área fiscal e tributária são "uma necessidade". Rigotto passou essa percepção para a bancada gaúcha.
O governador de Goiás, Marconi Ferreira Perillo (PSDB), disse que os dois pontos mais importantes da discussão de amanhã são a participação dos governos estaduais na repartição da Cide e da CPMF. Sobre o ITR, disse que a repartição do imposto com os Estados "não cheira nem fede". (PAULO PEIXOTO, TIAGO ORNAGHI, LÉO GERCHMANN E LARA SCHULZE)


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