São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS PROVAS

Roberto Costa Pinho, que retirou R$ 350 mil da conta da SMPB, trabalhou na eleição ao Senado do presidente da CPI dos Correios

Sacador coordenou campanha de Delcídio

HUDSON CORRÊA
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O antropólogo Roberto Costa Pinho, que sacou R$ 350 mil da conta da SMPB, empresa que tem Marcos Valério como sócio, foi coordenador em 2002 da campanha eleitoral do senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da CPI dos Correios. Delcídio também era o fiador de Pinho no aluguel de R$ 3.000 de uma casa em Campo Grande.
O nome de Pinho foi citado por Marcos Valério, em depoimento à Procuradoria Geral da República, como indicado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para sacar dinheiro na SMPB.
Há dois dias, a reportagem procura Pinho, mas não o encontra.
Acusado de operar o "mensalão" e de repassar dinheiro para um caixa dois do PT, Marcos Valério é o principal investigado pela CPI presidida por Delcídio.
"Quem cuidou da minha campanha foi o [publicitário] João Santana, da Bahia. O primeiro que ele mandou para lá [Campo Grande] foi o Roberto Pinho. Na verdade, o João Santana é ligado ao [Antonio] Palocci [ministro da Fazenda]. O Palocci me apresentou o João", afirmou Delcídio.
Em 2001, Pinho foi contratado por Palocci, então prefeito de Ribeirão Preto, para um projeto de urbanização. O Ministério Público investiga uso indevido de R$ 2 milhões nessas obras.
"Quando o pessoal da CPI me mostrou [o nome de Pinho entre os sacadores], eu não acreditei. É lamentável", acrescentou o senador. Segundo Delcídio, Pinho ficou no máximo dois meses na coordenação de campanha e saiu devido a um desentendimento. "Ele era muito lerdo", reclamou.
Anteontem, Pinho apareceu em uma lista feita pela CPI com os sacadores de dinheiro da SMPB no Banco Rural. Conforme o documento, ele fez cinco saques de 22 de setembro a 17 de dezembro de 2003, totalizando R$ 350 mil.
Empregado como coordenador de campanha de Delcídio, Pinho assinou contrato de aluguel de uma casa, em bairro nobre de Campo Grande, com o procurador do Estado José Barcellos Lima, em maio de 2002. O fiador foi Delcídio. Quatro meses depois, Pinho rescindiu o contrato e entrou com ação na Justiça para reaver R$ 3.000 que dera de caução.
À Justiça, Pinho apresentou uma declaração na qual o senador afirma que ele "realizou trabalhos publicitários nas eleições de 2002". Delcídio afirma ainda no documento que, como fiador, adiantou R$ 21 mil para Pinho.
Em junho passado, a Justiça condenou Pinho a pagar multa de R$ 9.000 pela rescisão do contrato. Ele recorreu e usa o senador como testemunha no processo.
Até fevereiro de 2004, Pinho era secretário do ministro Gilberto Gil (Cultura). Foi demitido por supostas irregularidades em projetos culturais. Pinho iniciou a sua carreira política em 1985, em Salvador, quando Mário Kertész foi eleito prefeito da capital baiana.


Texto Anterior: Saiba mais: Previ é terceira maior acionista da siderúrgica
Próximo Texto: DNA emitiu cheque de R$ 9,7 mi de conta no BB
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.