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OPERAÇÃO CONFRARIA
Para prefeito de SP, PT usou estratégia para tirar foco das investigações sobre integrantes do governo
Prisão de tucano é para intimidar, diz Serra
SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, José
Serra (PSDB), classificou a operação da Polícia Federal que prendeu o presidente regional da legenda tucana na Paraíba, Cícero
Lucena, como uma forma de intimidação "absurda".
"O PT realmente não parece ter
limites no abuso com os recursos
públicos, com os desvios. E não
parece ter limites nos gestos de intimidação. Porque é uma prisão
inteiramente descabida", disse.
"É o mesmo partido que queria
amordaçar o Ministério Público,
a imprensa, a CPI. Agora entrou
com recursos jurídicos para que
os depoentes não falem nada na
CPI e coisas do gênero, que procura fazer intimidação por outro
lado", afirmou Serra.
Esta foi a primeira vez que o
prefeito da capital paulista reagiu
enfaticamente contra o partido
no governo federal desde o início
da crise política. Até ontem, antes
de Lucena ser detido, na Paraíba,
Serra limitava-se a afirmar, sobre
os escândalos, que "a única medida possível é a investigação".
Serra disse acreditar que a prisão do tucano faz parte de uma estratégia do PT para retirar o foco
das investigações sobre integrantes do governo e do partido adversário. "Fazem uma prisão de manhã, em casa, para figurar nas
manchetes dos jornais e estabelecer confusão diante da opinião
pública", afirmou. "Por que não
fizeram [a prisão] com o Marcos
Valério, que foi pilhado destruindo provas? Por que não fizeram
mandado de busca e apreensão
nas sedes do PT?"
Atualmente Lucena é secretário
do Planejamento do Estado da
Paraíba. No governo Fernando
Henrique Cardoso, ele foi secretário de Desenvolvimento Regional.
A acusação para ele ter sido detido é a de que ele integrava uma
quadrilha que, desde 1999, fraudava licitações em João Pessoa. A
prisão do tucano foi parte da Operação Confraria, da PF. A Controladoria Geral da União (CGU),
vinculada à Presidência da República, também participou das investigações.
Serra ainda deu a entender que
a controladoria, por ser ligada ao
governo federal, teve uma ação
política na manhã de ontem. "A
Controladoria Geral da União
tem um ministro que é nomeado
pelo presidente da República",
afirmou Serra.
Para o prefeito, a prisão excedeu
os limites, já que havia uma investigação sobre o suposto esquema
de licitações, que ele classificou
como "coisa corrente na administração pública". O prefeito da capital paulista ainda deverá recomendar que Lucena entre com
uma ação civil pedindo indenização por danos morais, causados
pela sua exposição.
Já sobre a CPI dos Correios, Serra acredita que o trabalho da comissão parlamentar vai levar a
uma conclusão, apesar de depoimentos pouco esclarecedores, como o do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. "Aí tem muitas evidências já. Tem peso de elefante,
tromba de elefante, cheiro de elefante. Deve ser elefante, né? Falam
que não tinha "mensalão". Tem todas as indicações de que tem. O
elefante está aí, né?"
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