São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 2005

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OPERAÇÃO CONFRARIA

Para prefeito de SP, PT usou estratégia para tirar foco das investigações sobre integrantes do governo

Prisão de tucano é para intimidar, diz Serra

SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), classificou a operação da Polícia Federal que prendeu o presidente regional da legenda tucana na Paraíba, Cícero Lucena, como uma forma de intimidação "absurda".
"O PT realmente não parece ter limites no abuso com os recursos públicos, com os desvios. E não parece ter limites nos gestos de intimidação. Porque é uma prisão inteiramente descabida", disse.
"É o mesmo partido que queria amordaçar o Ministério Público, a imprensa, a CPI. Agora entrou com recursos jurídicos para que os depoentes não falem nada na CPI e coisas do gênero, que procura fazer intimidação por outro lado", afirmou Serra.
Esta foi a primeira vez que o prefeito da capital paulista reagiu enfaticamente contra o partido no governo federal desde o início da crise política. Até ontem, antes de Lucena ser detido, na Paraíba, Serra limitava-se a afirmar, sobre os escândalos, que "a única medida possível é a investigação".
Serra disse acreditar que a prisão do tucano faz parte de uma estratégia do PT para retirar o foco das investigações sobre integrantes do governo e do partido adversário. "Fazem uma prisão de manhã, em casa, para figurar nas manchetes dos jornais e estabelecer confusão diante da opinião pública", afirmou. "Por que não fizeram [a prisão] com o Marcos Valério, que foi pilhado destruindo provas? Por que não fizeram mandado de busca e apreensão nas sedes do PT?"
Atualmente Lucena é secretário do Planejamento do Estado da Paraíba. No governo Fernando Henrique Cardoso, ele foi secretário de Desenvolvimento Regional.
A acusação para ele ter sido detido é a de que ele integrava uma quadrilha que, desde 1999, fraudava licitações em João Pessoa. A prisão do tucano foi parte da Operação Confraria, da PF. A Controladoria Geral da União (CGU), vinculada à Presidência da República, também participou das investigações.
Serra ainda deu a entender que a controladoria, por ser ligada ao governo federal, teve uma ação política na manhã de ontem. "A Controladoria Geral da União tem um ministro que é nomeado pelo presidente da República", afirmou Serra.
Para o prefeito, a prisão excedeu os limites, já que havia uma investigação sobre o suposto esquema de licitações, que ele classificou como "coisa corrente na administração pública". O prefeito da capital paulista ainda deverá recomendar que Lucena entre com uma ação civil pedindo indenização por danos morais, causados pela sua exposição.
Já sobre a CPI dos Correios, Serra acredita que o trabalho da comissão parlamentar vai levar a uma conclusão, apesar de depoimentos pouco esclarecedores, como o do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. "Aí tem muitas evidências já. Tem peso de elefante, tromba de elefante, cheiro de elefante. Deve ser elefante, né? Falam que não tinha "mensalão". Tem todas as indicações de que tem. O elefante está aí, né?"


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