São Paulo, sábado, 22 de julho de 2006

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6 delegados da PF acusados de fraude são presos no Rio

Severino Silva/Ag. O Dia
Agentes da Polícia Federal que participaram da operação de ontem, na sede da corporação no Rio


Detidos em operação da própria PF, dois deles são ex-superintendentes da corporação

Policiais beneficiariam empresários em troca de dinheiro e favores; operação também revista casa do chefe da Interpol no Estado

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal prendeu ontem seis delegados da PF no Rio, entre eles dois ex-superintendentes, e mais 9 pessoas acusadas de envolvimento num esquema para beneficiar empresários em inquéritos.
Entre os presos há mais dois policiais federais, seis advogados, um fiscal do INSS e dois empresários. Os mandados de prisão valem por cinco dias.
Além das prisões, ontem foram cumpridos 43 mandados de busca e apreensão, realizados em casas, escritórios e salas da PF. Um dos mandados de busca e apreensão foi na casa do delegado regional da Interpol no Rio, Roberto Prel, que não teve a prisão pedida, mas será investigado.
Na casa do advogado apontado como mentor do esquema, Tarcísio de Figueiredo Pelúcio, a polícia encontrou US$ 30 mil, um memorando da Delegacia de Crimes Financeiros com informações de linhas telefônicas interceptadas em investigação e uma carta dele ao então superintendente José Milton Rodrigues, em que dizia que uma "devassa" era iminente na PF.
Rodrigues, também preso ontem, chefiou a superintendência no Rio até maio deste ano. Ele teria um relacionamento estreito com advogados dos empresários e teria recebido diversos benefícios, entre eles o pagamento da festa de sua posse. Rodrigues precisou ser levado a um hospital porque se sentiu mal após depor.
O outro ex-superintendente preso é Jairo Helvécio Kullman, que trabalha como chefe do núcleo de cartas precatórias há quase oito anos. Ele agiria na mudança de depoimentos de testemunhas e investigados.
"Havia um trânsito livre desses advogados dentro da [superintendência] regional. Tinham livre acesso aos gabinetes dos delegados. Eles eram intermediários [dos empresários] e recebiam benefícios", disse o superintendente da PF no Rio, Delci Carlos Teixeira.
Entre os benefícios estariam dinheiro, concessão de empregos a amigos, pagamento de festas, entre outros.
Foram presos outros quatro delegados. Mauro Montenegro, atualmente chefe da Delegacia Especial do Aeroporto Internacional do Rio, foi apontado por atuar na quadrilha quando era lotado na Deleprev (Delegacia de Repressão de Crimes contra a Previdência). Outras investigações mostraram que ele também facilitaria a entrada de pessoas no aeroporto do Rio com material descaminhado (sem o pagamento do imposto devido) ou contrabandeado.
Também foram presos os delegados da Deleprev Jorge Maurício de Almeida e Daniel Brandão, o titular da Delefins (contra crimes financeiros), Paulo Baltazar, o agente Antônio Xavier Mendes e o escrivão Álvaro Andrade da Silva.
Os outros presos são os advogados Monclair Gama, Mário de Almeira, Mario Jorge Rodrigues, Patrícia Esteves de Pinho e Paulo Henrique Vilela Pedras; os empresários Renato de Almeira e Jorge Delduque e o fiscal do INSS Clovis Pfaltzgraff.


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