São Paulo, domingo, 22 de julho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Jobim não topou

Na esteira da tragédia em Congonhas, Nelson Jobim (PMDB) foi convidado a assumir o Ministério da Defesa e não aceitou. Lula fez a proposta em encontro pessoal com o ex-presidente do Supremo. Apesar da dificuldade para achar o substituto de Waldir Pires, o presidente resiste à opção José Alencar, mesmo como interino. Sabe que o estado de saúde do vice é incompatível com a conflagração do setor aéreo.
O "daqui eu não saio" emitido por Pires na entrevista coletiva de sexta foi resposta a movimentações de palacianos como Gilberto Carvalho e Walfrido dos Mares Guia, escalados na semana passada para sondar o terreno com gente que Lula gostaria de demitir. Seu método é conhecido: esperar que, diante do sinal, a bola da vez tome a iniciativa de ir embora.

Agora vai. Mesmo cientes das seguidas oportunidades em que Lula acabou poupando Waldir Pires, auxiliares acham que desta vez será diferente. Manter o ministro mais associado à inoperância do governo na crise aérea anularia o efeito pretendido com as medidas anunciadas na sexta.

Basta. Desabafo do presidente da Infraero, José Carlos Pereira, a uma autoridade com quem conversou no dia seguinte ao acidente com o Airbus da TAM: "Já estou cheio disso aqui". Ao que parece, Lula decidiu encerrar o sofrimento do brigadeiro.

Paredão. O flagrante do assessor de Lula comemorando com gesto obsceno a descoberta de falha mecânica no avião acidentado ganhou apelido entre os petistas: "O Big Brother do Marco Aurélio".

São Nunca. O histórico recomenda moderar o entusiasmo diante da promessa governamental de um novo aeroporto para São Paulo: em Brasília, a obra da segunda pista levou dez anos para superar barreiras judiciais e ambientais e sair, enfim, do papel.

Para todos. Governistas pretendem incluir, no relatório final da CPI do Apagão Aéreo da Câmara, a conclusão de que a gênese do afogamento de Congonhas está na cessão indiscriminada à TAM, pelo extinto Departamento de Aviação Civil, de rotas no aeroporto, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Capital. Além da sucessão política de ACM, atenções se voltam à ocupação de espaços nas empresas da família. O genro Cesar Matta Pires, rompido com o senador, já se insinua para comandar a TV Bahia, retransmissora da Globo e jóia da coroa do grupo.

Dinastia. Embora o deputado ACM Neto, duas vezes o mais votado da Bahia, desponte como herdeiro do carlismo dentro da família, quem acompanha a política local prevê disputa velada com o primo Luís Eduardo Magalhães Filho, o Duquinha, que nutre ambição eleitoral.

Lacunas 1. Corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP) deu à PF as gravações feitas pela da Polícia Civil do Distrito Federal na Operação Aquarela, que abateu Joaquim Roriz (PMDB) e agora ameaça Gim Argelo (PTB).

Lacunas 2. A PF notou que, apesar de ser "claramente identificado", Roriz só é chamado de "o homem" no relatório da Polícia Civil. Foram encontrados ainda trechos de gravações não transcritos, entre eles conversas em que o ex-senador combina a partilha de R$ 2,2 milhões.

Empurrão. José Roberto Arruda pediu apoio de seu partido, o DEM, ao projeto de Lula que permite contratar servidores pela CLT. Para o governador do Distrito Federal, é o único jeito de resolver o inchaço da máquina.

Piloto. Embalado pelo projeto lulista de acabar com a estabilidade de servidores, Arruda mandará à Câmara Legislativa projeto para que contratações no novo hospital público na cidade-satélite de Santa Maria sejam pela CLT.

Tiroteio

Resta saber se eles foram condecorados pela submissão aos interesses das companhias, pelo silêncio diante da tragédia em Congonhas ou pelo conjunto da obra do caos aéreo.


Do deputado VIC PIRES (DEM-PA), membro da CPI do Apagão, sobre a medalha do mérito aeronáutico dada à cúpula da Anac após dez meses de inferno nos aeroportos e três dias depois do acidente da TAM.

Contraponto

Não é comigo

Dias antes da cerimônia de abertura do Pan, João Havelange recomendou aos organizadores que não fossem anunciados nomes de governantes no Maracanã. Como não se previa a vaia a Lula, a sugestão foi considerada radical, mas o ex-presidente da Fifa insistiu:
-Carlos Lacerda, quando governador do Rio, só entrava na tribuna de autoridades depois de a bola rolar-, disse ao secretário de Esporte e Turismo do Rio, Eduardo Paes.
Intrigado, o tucano quis entender o motivo da precaução de Lacerda, e Havelange explicou:
-A tribuna é muito exposta. Depois de começado o jogo, dá para dizer que a vaia é para quem está no campo!


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