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Crise aérea faz o PT iniciar debate sobre alternativa a Marta
Reservadamente, petistas e tucanos discutem o impacto da crise aérea e de acidente da TAM e como abordá-los na eleição de 2008
Desgaste de ministra, até então apontada na sigla como candidata natural à prefeitura, é admitido nos bastidores por colegas
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
MALU DELGADO
EDITORA-ASSISTENTE DE BRASIL
Cientes de que a crise aérea e
o acidente com o avião da TAM
na terça-feira passada podem
provocar impacto na sucessão
municipal de 2008, petistas e
tucanos da capital paulista se
movimentam nos bastidores
para reavaliar possíveis candidaturas e já buscam estratégias
para abordar o tema.
De imediato entre os petistas, a avaliação é que a candidatura da ministra Marta Suplicy
(Turismo) à prefeitura, até então tida como "natural", deverá
ser alvo de ataque dos adversários por conta da crise aérea e
de sua declaração sobre o tema,
quando ela recomendou aos
passageiros "relaxar e gozar".
"A frase, infeliz, ganha agora,
com essa tragédia, uma conotação mórbida", define um correligionário da prefeita, que pediu o anonimato. Segundo a
Folha apurou, Marta, que começava a dar sinais de que aceitaria concorrer em 2008, como
quer seu grupo político, voltou
a ficar temerosa e indecisa.
Não faltariam concorrentes
ao posto caso a ministra não
concorra. Entre eles, estão Arlindo Chinaglia, presidente da
Câmara; os deputados federais
Jilmar Tatto e José Eduardo
Cardozo; o senador Aloizio
Mercadante, derrotado ao governo do Estado em 2006, mas
detentor de 34% dos votos contra José Serra na capital; e até
mesmo o ministro Fernando
Haddad (Educação).
No grupo próximo à ministra, seus aliados dizem que ela
deverá esperar até o início do
próximo ano para tomar uma
decisão, já que o prazo de desincompatibilização, conforme
a lei, é 31 de março. O deslize de
Marta pode dar fôlego à corrente petista que defende realização de pesquisas prévias antes
da definição da candidatura.
Ainda que os petistas argumentem que a crise aérea deve
arranhar a imagem do governo
federal - e não do partido -, os
dirigentes têm consciência de
que a lentidão gerencial do
Executivo para lidar com o episódio pode, sim, ser trazida ao
pleito em São Paulo - sobretudo se depender dos tucanos.
Os aliados de Marta acham
fundamental que ela se "descole" da crise, mostrando ao eleitor que a atual situação do setor
aéreo já estava posta quando
assumiu o cargo, em março
deste ano. Argumentam, ainda,
que o debate na campanha terá
de girar em torno de problemas
da cidade e que as questões relativas ao aeroporto de Congonhas serão solucionadas com a
construção de um novo terminal, anunciado pelo presidente.
"A ministra não precisa tomar esse decisão agora. Ela
mesma disse que está a serviço
do país até quando Lula achar
que ela deve ficar", diz o vereador Antonio Donato (PT), um
dos mais próximos a Marta.
"Espero que o processo de
escolha se dê por critérios razoáveis, sem enfrentamentos
que levem à desagregação partidária", afirma Cardozo.
No PSDB, a análise é que uma
provável candidatura de Geraldo Alckmin a prefeito irá "nacionalizar" ainda mais a campanha, trazendo a questão aérea para o centro do debate.
Segundo a Folha apurou, o
partido pretende explorar apenas o aspecto administrativo
da crise, temendo uma rejeição
do eleitor ao citar o acidente.
"A população fará o julgamento diante da incompetência do governo Lula para lidar
com o caos aéreo e a segurança
pública", disse o deputado Edson Aparecido (PSDB-SP).
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