São Paulo, domingo, 22 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crise aérea faz o PT iniciar debate sobre alternativa a Marta

Reservadamente, petistas e tucanos discutem o impacto da crise aérea e de acidente da TAM e como abordá-los na eleição de 2008

Desgaste de ministra, até então apontada na sigla como candidata natural à prefeitura, é admitido nos bastidores por colegas

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

MALU DELGADO
EDITORA-ASSISTENTE DE BRASIL

Cientes de que a crise aérea e o acidente com o avião da TAM na terça-feira passada podem provocar impacto na sucessão municipal de 2008, petistas e tucanos da capital paulista se movimentam nos bastidores para reavaliar possíveis candidaturas e já buscam estratégias para abordar o tema.
De imediato entre os petistas, a avaliação é que a candidatura da ministra Marta Suplicy (Turismo) à prefeitura, até então tida como "natural", deverá ser alvo de ataque dos adversários por conta da crise aérea e de sua declaração sobre o tema, quando ela recomendou aos passageiros "relaxar e gozar".
"A frase, infeliz, ganha agora, com essa tragédia, uma conotação mórbida", define um correligionário da prefeita, que pediu o anonimato. Segundo a Folha apurou, Marta, que começava a dar sinais de que aceitaria concorrer em 2008, como quer seu grupo político, voltou a ficar temerosa e indecisa.
Não faltariam concorrentes ao posto caso a ministra não concorra. Entre eles, estão Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara; os deputados federais Jilmar Tatto e José Eduardo Cardozo; o senador Aloizio Mercadante, derrotado ao governo do Estado em 2006, mas detentor de 34% dos votos contra José Serra na capital; e até mesmo o ministro Fernando Haddad (Educação).
No grupo próximo à ministra, seus aliados dizem que ela deverá esperar até o início do próximo ano para tomar uma decisão, já que o prazo de desincompatibilização, conforme a lei, é 31 de março. O deslize de Marta pode dar fôlego à corrente petista que defende realização de pesquisas prévias antes da definição da candidatura.
Ainda que os petistas argumentem que a crise aérea deve arranhar a imagem do governo federal - e não do partido -, os dirigentes têm consciência de que a lentidão gerencial do Executivo para lidar com o episódio pode, sim, ser trazida ao pleito em São Paulo - sobretudo se depender dos tucanos.
Os aliados de Marta acham fundamental que ela se "descole" da crise, mostrando ao eleitor que a atual situação do setor aéreo já estava posta quando assumiu o cargo, em março deste ano. Argumentam, ainda, que o debate na campanha terá de girar em torno de problemas da cidade e que as questões relativas ao aeroporto de Congonhas serão solucionadas com a construção de um novo terminal, anunciado pelo presidente.
"A ministra não precisa tomar esse decisão agora. Ela mesma disse que está a serviço do país até quando Lula achar que ela deve ficar", diz o vereador Antonio Donato (PT), um dos mais próximos a Marta.
"Espero que o processo de escolha se dê por critérios razoáveis, sem enfrentamentos que levem à desagregação partidária", afirma Cardozo.
No PSDB, a análise é que uma provável candidatura de Geraldo Alckmin a prefeito irá "nacionalizar" ainda mais a campanha, trazendo a questão aérea para o centro do debate.
Segundo a Folha apurou, o partido pretende explorar apenas o aspecto administrativo da crise, temendo uma rejeição do eleitor ao citar o acidente.
"A população fará o julgamento diante da incompetência do governo Lula para lidar com o caos aéreo e a segurança pública", disse o deputado Edson Aparecido (PSDB-SP).


Texto Anterior: Com 30%, Kassab dobra sua aprovação entre paulistanos
Próximo Texto: Janio de Freitas: Poderosos e perplexos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.