São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Propina: como lavar

Em conversa grampeada pela PF, Humberto Braz, braço direito de Daniel Dantas, explica a funcionário do Opportunity de nome Norberto como seria feita a lavagem do dinheiro destinado a subornar policiais e autoridades do Judiciário. O diálogo, interceptado em 14 de maio, chegou às mãos da delegada Karina Murakami no relatório de escutas número 13/ 2008.
A dupla fala seguidas vezes na necessidade de "faturar" o dinheiro. Norberto diz taxativamente agir sob as ordens de Verônica Dantas, irmã do banqueiro. "Ela me passou que vamos ter que fazer pagamentos, né? Já me passou os valores". E Braz dá o caminho das pedras: "Esse pagamento tem que ser feito para mim, para a minha empresinha de consultoria".



Doce ilusão. Diz Norberto ao iniciar o diálogo: "Estou te ligando da linha segura aqui". Braz desconfia, pede para trocar de linha, e depois respira aliviado: "Nesta não tem problema não, estamos aí..."

Tudo dominado. Além de interceptar torpedos e conversas via Skype, a PF pede, nos ofícios de quebra de sigilo, atenção à constante troca de chips dos celulares.

Longo prazo. Nome recorrente nos bastidores da Operação Satiagraha, o ministro Mangabeira Unger é citado por Márcio Rached Millani, juiz substituto da Sexta Vara de SP, como uma das pessoas "influentes nos entes federativos" que dão "apoio ostensivo" ao grupo de Dantas.

Elo. Em pelo menos dois trechos de seu relatório, Protógenes Queiroz associa a Petrobras a caixa dois de campanhas. Numa das escutas, Naji Nahas trata do assunto com o doleiro Carmine Enrique.

Guru. Entre as referências usadas pelo delegado, nenhuma é mais recorrente do que Noam Chomsky. O lingüista americano é citado em todos os seus ofícios à Justiça como forma de criticar a imprensa.

O outro. A quebra dos sigilos de e-mail dos envolvidos mostra intensa preocupação de Dantas e associados com os negócios de Eike Batista -ora às voltas com outra investigação da Polícia Federal.

De bom tamanho. Em reunião ontem com todos os ministros da área social, Lula foi taxativo: disse que, a esta altura, não quer saber de lançamento de novos programas, e sim da realização dos já anunciados. "Quem tiver uma idéia boa, mas muito boa mesmo, me traga que eu deixo para o próximo presidente."

Por falar nisso. Em visita hoje a um pronto-atendimento em Parelheiros, Gilberto Kassab (DEM) anunciará a construção de hospital com 50 leitos no extremo sul da periferia paulistana. Trata-se de promessa de campanha tanto de Geraldo Alckmin (PSDB) quanto de Marta Suplicy (PT). É nessa região que a ex-prefeita obtém liderança mais folgada nas pesquisas.

Vai você. Quando se encontram, Marta, Alckmin e Kassab disputam discretamente o direito de falar por último. Ontem, em evento promovido pelo Movimento Nossa São Paulo, o prefeito fez de tudo para encerrar, mas, por sorteio, acabou sendo o primeiro dos três.

Tribunal. A Executiva do PT-BH discute hoje o caso de filiados que usam símbolos do partido na campanha de Jô Moraes à prefeitura. Contrária à aliança branca com o PSDB, patrocinadora de Marcio Lacerda (PSB), a esquerda petista aderiu explicitamente à candidata do PC do B.

Em capítulos. A Associação dos Magistrados Brasileiros deverá adiar a divulgação da lista completa de candidatos com "ficha suja", inicialmente marcada para 18 de agosto. A AMB alega que a greve dos Correios atrapalhou a comunicação com juízes eleitorais, e promete os primeiros dados para hoje.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Como os Estados Unidos e a Europa querem arrumar um culpado para o eventual fracasso da Rodada Doha, o ministro pode ter ajudado."

Do embaixador RUBENS BARBOSA , presidente do conselho de comércio exterior da Fiesp, sobre a citação do chanceler Celso Amorim ao ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, ao reclamar de uma campanha de ""desinformação" feita pelos países ricos.

Contraponto

Fim da fila

Na abertura da sessão de terça-feira passada, alguns senadores disputavam o direito de ser o primeiro a falar, até que Expedito Júnior (PR-RO) cobrou:
-Pela ordem de chegada, senhor presidente!
-Eu fui o terceiro a chegar, logo depois do Augusto Botelho-, avisou Gerson Camata (PMDB-ES).
Recém-saído da suplência, Geovani Borges (PMDB-AP) não entendeu o procedimento:
-Quer dizer que acabou a quota?
Álvaro Dias (PSDB-PR), que presidia a sessão, resolveu tripudiar do novato:
-O senhor pode se candidatar a um lugar na reserva...


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