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SÃO PAULO
Tucano esquece Serra no primeiro dia de horário gratuito na TV, enquanto petista usa Marta como cabo eleitoral
Alckmin cola em Covas; Genoino, em Lula
RENATA LO PRETE
DA REPORTAGEM LOCAL
Muito Covas e nenhum Serra. A
estréia da propaganda televisiva
do governador Geraldo Alckmin
foi pródiga em menções a seu antecessor e não fez referência ao
candidato do PSDB ao Planalto.
Foi total o descolamento entre
as campanhas tucanas paulista e
federal. Não houve texto ou imagem que lembrasse José Serra, terceiro colocado na disputa pela
Presidência. Nos dois horários do
rádio, apenas uma citação protocolar da chapa completa, incluindo os candidatos ao Senado.
Já o governador morto em março de 2001 foi mencionado repetidas vezes na TV. Primeiro pelo locutor, que apresentou Alckmin
como "amigo leal e solidário" de
Mário Covas. Depois pelo candidato. Entre sua personalidade e a
de Covas, disse, existiam "mais
semelhanças que diferenças".
No rádio, além das referências,
foi veiculado um áudio em que
Covas elogia a "integridade" do
afilhado político. Palavras como
essa -e frases como "corrupção
é a destruição da alma"- pontuaram a propaganda.
Elas indicam que Alckmin, espelhando-se no que fez Covas em
1998, vai explorar a "questão do
caráter" na tentativa de reverter a
desvantagem em relação a Paulo
Maluf (PPB), que lidera a disputa
com 40% das intenções de voto. O
governador, que nos programas
virou apenas "Geraldo", aparece
em segundo lugar, com 24%.
Maluf abriu sua temporada de
TV com um programa sobre educação. Com menos da metade do
tempo do principal adversário,
voltou as baterias contra o sistema de progressão continuada vigente no ensino público paulista.
Esse modelo, no qual a reprovação do aluno pode ocorrer apenas
ao final de ciclos de quatro anos, é
marca da administração tucana
em São Paulo e um dos três pontos mais martelados por Maluf
em sua campanha, ao lado da violência e dos preços dos pedágios
nas rodovias estaduais.
O texto apresentado pelo pepebista apelou às mães e condenou
o "crime" de ter na quinta série
"crianças que não sabem ler nem
escrever". No programa da tarde,
a fala do candidato foi complementada por jingle de teor semelhante cantado por uma menina.
À diferença de Alckmin, José
Genoino (PT) fez questão de
apresentar-se colado ao candidato presidencial de seu partido, primeiro colocado nas pesquisas.
Lula foi citado e apareceu ao lado de Genoino, que obteve 10%
das intenções de voto no Datafolha mais recente. Além disso, o
programa vespertino seguiu, em
forma e conteúdo, o modelo do
que foi exibido por Lula anteontem no mesmo horário. Ambos
trataram de geração de emprego.
Além da imagem do presidenciável, foi ao ar depoimento da
prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, cada vez mais presente em
eventos das campanhas petistas.
"Escada"
Dois candidatos pequenos serviram de "escada" para os presidenciáveis de seus partidos, que
assim ganharam exposição além
da que lhes é destinada às terças,
quintas e sábados. Ciro Gomes
(PPS) surgiu no horário de Antonio Cabrera. Anthony Garotinho
(PSB), no de Luis Carlos Pitolli.
Houve menos diferença entre os
programas vespertino e noturno
do que na estréia dos presidenciáveis. À noite, Maluf ampliou o leque de críticas à gestão Alckmin.
O tucano apresentou mais obras.
E Genoino saiu do estúdio para
enumerar prioridades em frente
ao Palácio dos Bandeirantes.
Se na estréia da TV cada um dos
grandes atirou para um lado (e
vários pequenos atiraram contra
Alckmin), no rádio o denominador comum foi a questão da segurança, central na sucessão paulista e diariamente abordada na programação regular desse veículo.
Com ênfase variada, todos os
candidatos trataram do assunto.
A nota folclórica ficou por conta
de Ciro Moura (PTC), que sugeriu
"bola de ferro no pé e enxada na
mão" como tratamento a ser dado aos detentos do Estado.
Na televisão, o horário gratuito
da tarde alcançou 27,6 pontos no
Ibope no conjunto das emissoras
que o apresentaram (cada ponto
equivale a 47 mil domicílios na
Grande São Paulo).
O número é praticamente igual
ao registrado anteontem. Há uma
semana, quando ainda não havia
propaganda gratuita, a audiência
total no horário foi de 41,4 pontos.
A diferença significa que cerca de
40% dos aparelhos que costumam estar ligados no início da
tarde não permaneceram sintonizados na propaganda eleitoral.
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