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CAMPANHA
Nos últimos 3 dias de governo, repasse a prefeituras foi de R$ 16,1 mi, diz PT
Garotinho liberou R$ 60 mi às vésperas de deixar cargo
SABRINA PETRY
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-governador Anthony Garotinho, candidato do PSB à Presidência, repassou R$ 59,5 milhões em verbas para prefeituras
do interior do Rio de Janeiro durante os três últimos meses de seu
governo. Do total, R$ 16,1 milhões
foram entregues três dias antes de
deixar a administração.
Os dados são resultado de um
levantamento da assessoria técnica da governadora Benedita da
Silva (PT). As verbas foram repassadas por meio do Padem (Plano
de Apoio ao Desenvolvimento
dos Municípios).
Procurado pela Folha, Garotinho não quis comentar o caso.
Em campanha em São Gonçalo (a
20 km do Rio), chegou a empurrar o microfone de um repórter
da TV Globo, que insistia em ouvi-lo sobre o fato. No fim da tarde,
a assessoria do candidato informou que soltaria uma nota de esclarecimento, mas até às 19h30
horas nada havia sido divulgado.
Segundo o secretário-executivo
do gabinete da governadora, Marcelo Sereno, os municípios, de 1º
de janeiro a 5 de abril (quando
houve a troca de governo) receberam 27 vezes mais do que o total
de maio (quando foi criado o programa) a dezembro de 2001.
O levantamento mostrou que
no ano passado 42 prefeituras receberam R$ 2,4 milhões em verbas destinadas à construção de
creches e pavimentação de ruas.
Neste ano, em três meses, o repasse foi de R$ 59,5 milhões.
Em 2 de abril, R$ 16,1 milhões
foram repassados a cidades do
Padem como Angra dos Reis (R$
2 milhões), Maricá (R$ 1 milhão),
Iguaba Grande (R$ 1,9 milhão) e
Três Rios (R$ 2 milhões) -28 das
42 prefeituras eram do PSB. Segundo Sereno, "o Padem estabelece que os municípios devem elaborar o programa, apresentá-lo
ao governo estadual e licitá-lo, para só então receber o valor. Esse
processo foi atropelado em grande parte dos casos. Muitas prefeituras estão com dinheiro em caixa
sem ter um programa elaborado".
Sereno criticou pagamento de
R$ 22 milhões feito pela Cehab
(Companhia Estadual de Habitação) em abril a empreiteiras. Segundo o levantamento, em janeiro, nada foi pago, em fevereiro, foram R$ 6 milhões, e em março, de
R$ 8 milhões a R$ 9 milhões.
Ontem, Benedita apresentou o
resultado de auditoria encomendada à Universidade de Brasília
segundo a qual a administração
anterior deixou uma dívida de R$
1,39 bilhão -sem contabilizar
precatórios e decisões judiciais-
a ser paga pelo atual governo.
A auditoria revelou que o Estado registrou, de 1º de janeiro a 5
de abril, um déficit orçamentário
de R$ 406 milhões. Em caixa, o total de recursos livres para ser utilizado era de R$ 28,2 milhões quando Garotinho deixou o cargo.
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