|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Guerra fiscal" opõe Lula e tucano
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A BELÉM
O ato de recriação da Sudam
(Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), ontem,
em Belém (PA), acabou virando o
palco da disputa entre os governadores e a União pela partilha de
receitas na reforma tributária em
discussão no Congresso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
deixou de lado seu discurso escrito para fazer a defesa mais contundente do projeto até o momento e prometeu: "Vamos acabar com a guerra fiscal".
"A verdade nua e crua é que o
país não podia continuar numa
guerra fiscal alucinada e maluca
como vinha tendo. Não era possível que Estados que não conseguem fazer uma casa para tirar
um trabalhador da palafita dessem terreno e infra-estrutura, luz,
água e ainda 20 anos de isenção
para empresas se implantarem",
afirmou Lula.
Minutos antes, o governador do
Pará, Simão Jatene (PSDB), que
falou em nome dos governadores
da Amazônia Legal, havia dito
que a cooperativa visitada naquela manhã por Lula era um bom
exemplo de que a concessão de
benefícios fiscais poderia gerar
empreendimentos de sucesso.
"Não podemos deixar de considerar a repercussão dessa medida
[unificação do ICMS] para os Estados que têm utilizado a política
fiscal como instrumento para melhorar sua atratividade, num cenário de profunda desigualdade
regional", disse Jatene, que também cobrou uma solução clara
para o ressarcimento de créditos
aos exportadores. Nove governadores participaram do ato.
Lula foi duro na resposta aos governadores que querem mudanças profundas na reforma tributária. Lembrou a eles que "mandou
fazer a reforma da Previdência
porque os Estados brasileiros todos estavam falidos" e não poderiam pagar os benefícios previdenciários devidos em cinco
anos. "Não estava pensando na
minha próxima eleição", disse.
Antecessores
Na fala de improviso, não faltaram farpas contra seus antecessores. Sem citar nomes, Lula criticou Fernando Henrique Cardoso
pela falta de qualidade no ensino e
pela impunidade nos casos de
corrupção da Sudam e Sudene.
"Por causa de uma denúncia de
corrupção, ou quem sabe para
derrotar um adversário político,
acabou-se com a Sudam. Deveria
ter sido mandando prender o corrupto, e não fechar a instituição",
disse Lula. "Imagina se o papa
João Paulo 2º descobre que tem
um padre roubando. Vai mandar
fechar todas as igrejas?"
Fernando Collor de Mello, que
venceu Lula na eleição presidencial de 1989, também foi criticado
pela "aventura" econômica do
confisco de poupança, feito logo
que Collor assumiu, em 1990.
Texto Anterior: Petista vê "toma lá, dá cá" no governo Lula Próximo Texto: PT x PT: Petista acusa governo de "ignomínia" Índice
|