São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2006

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Ação contra 3 senadores começa amanhã

Senado vai instaurar processos de cassação contra Ney Suassuna (PMDB), Serys Slhessarenko (PT) e Magno Malta (PL)

Prazo para renunciar ao mandato termina às 10h de amanhã; parlamentares já entregaram ao Conselho de Ética suas defesas prévias

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Conselho de Ética do Senado vai instaurar processos de cassação, amanhã, contra Ney Suassuna (PMDB-PB), Serys Slhessarenko (PT-MS) e Magno Malta (PL-ES), acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. Se eles forem considerados culpados, a pena máxima a que estão sujeitos é a perda do mandato.
O presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto (PMDB-MA), quer concluir as investigações até o dia 26 de setembro, ou seja, antes das eleições. Suassuna é candidato à reeleição, enquanto Serys concorre ao governo de Mato Grosso. O mandato do peemedebista é o único que termina no início do próximo ano. O dos outros dois vai até 2011.
Os três parlamentares são acusados de receber propina para destinar recursos do Orçamento da União para a aquisição, por prefeituras, de ambulâncias e equipamentos médicos superfaturados. Eles foram envolvidos no caso depois dos depoimentos à Justiça Federal e à CPI dos Sanguessugas de Darcy e Luiz Antonio Vedoin, donos da Planam, a empresa acusada de pagar propina aos parlamentares.
A CPI dos Sanguessugas pediu a cassação de 69 deputados federais e de três senadores.

Assessor
Suassuna teria recebido R$ 222,5 mil por meio de seu ex-assessor Marcelo Carvalho.
Magno Malta teria utilizado um carro dado ao deputado Lino Rossi (PP-MT) pela família Vedoin. Além disso, há cópia de um cheque de R$ 50 mil com a anotação "Magno Mata (sic)" que teria sido repassado a ele.
Vedoin afirma ter pago ao genro de Serys R$ 35 mil.
O senador Demóstenes Torres (PFL-GO) foi convidado para ser relator no Conselho de Ética do processo contra Serys. Ela telefonou para o pefelista, na semana passada, pedindo que ele relatasse o seu caso. Até o fechamento desta edição, o presidente do conselho não havia divulgado o nome dos outros dois relatores. Demóstenes já afirmou que quer ouvir Luiz Antonio Vedoin no Conselho de Ética.
Os senadores têm até as 10h da próxima quarta-feira para renunciar ao mandato e se livrar da inelegibilidade por oito anos decorrente de uma eventual cassação. Eles entregaram ao Conselho de Ética suas defesas prévias e, na sessão da próxima quarta-feira, cada relator apresentará seu plano de trabalho. Os três negam envolvimento com a quadrilha dos sanguessugas.
A senadora Serys anexou à sua defesa seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, apesar de a acusação afirmar que a suposta propina de R$ 35 mil foi recebida por meio de seu genro Paulo Ribeiro.

Parecer
Ao final do período de instrução dos processos, os relatores terão prazo de cinco sessões para apresentar um parecer, que pode ser pela procedência das acusações ou pelo arquivamento dos casos.
Se a representação feita pela CPI dos Sanguessugas for acolhida pelos relatores e a pena proposta for de perda de mandato, o parecer do Conselho de Ética é encaminhado para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que deverá analisar no prazo de cinco sessões se a peça é constitucional. Só depois desse trâmite é que os processos vão para o plenário, onde o voto é secreto.
O presidente do conselho chegou a sinalizar que arquivaria os processos, mas foi pressionado pela oposição e por seu próprio grupo político. Ele é candidato a vice-governador na chapa encabeçada pela senadora Roseana Sarney (PFL-MA), que é favorita ao governo do Estado. A família Sarney reclamou com ele que a atitude poderia afetar a campanha.


Colaborou ALAN MARQUES , da Sucursal de Brasília


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