São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CANDIDATOS NA FOLHA

Cabral defende uso do Exército contra a violência no Rio

Peemedebista disse que já iniciou conversas com os militares para reforçar segurança no Estado, mas evitou falar do governo Rosinha

Candidato fugiu à pergunta sobre contratos do governo do PMDB com organizações de fachada e não falou da terceirização de servidores

ELVIRA LOBATO
SERGIO TORRES

DA SUCURSAL DO RIO

Em situações que definiu como "inquietantes", como a que São Paulo enfrenta desde maio, com as ações do PCC (Primeiro Comando da Capital), o candidato a governador do Rio pelo PMDB, Sérgio Cabral Filho, não hesitaria em pedir ajuda ao Exército. A declaração foi dada ontem, no primeiro dia das sabatinas da Folha com os candidatos ao governo fluminense.
Senador pelo Rio de Janeiro, Cabral Filho, 43, disse que a atuação dos militares do Exército, caso haja a necessidade de ir para as ruas, será "ostensiva". Na sabatina, o candidato afirmou que já tem conversado com militares sobre a participação do Exército na segurança pública do Estado caso seja eleito. Na semana passada, ele disse ter se reunido com generais no CML (Comando Militar do Leste).
 
SEGURANÇA
Indagado sobre como pretende reverter o crescimento da criminalidade no Estado, onde em oito anos a incidência de furtos a pedestres passou de 76,6 para 229 casos por 100 mil habitantes, ele respondeu que adotará uma política de integração das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal e com as Forças Armadas e guardas municipais.
Cabral Filho disse que já iniciou conversações com o CML e com o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL). A troca de informações e a articulação com outras polícias foi também a saída apontada por ele para reduzir a violência policial. O candidato citou a modernização da delegacias como ponto positivo da gestão do casal Garotinho na área da segurança.

EXÉRCITO
Cabral Filho defendeu que, "em momentos de inquietude" como os recentemente ocorridos em São Paulo, não hesitaria em pedir à ajuda do Exército.
Para ele, as tropas militares, caso o governo federal envie o Exército para as ruas do Rio, terão quer atuação uma atuação "ostensiva": "Não teria dúvidas em solicitar o apoio do Exército". Ele disse que, por meio do CML, o Exército se prontificou a dar cursos a policiais militares e civis do Estado do Rio.

TERCEIRIZAÇÃO
O candidato fugiu à pergunta sobre o crescimento da terceirização da mão-de-obra no funcionalismo no governo Rosinha Matheus e sobre contratos firmados entre governo estadual e ONGs, a maioria de fachada, ligadas a doadores da fracassada pré-campanha de Anthony Garotinho à Presidência da República. Limitou-se a dizer que defende a transparência dos gastos públicos e que, se eleito, reduzirá despesas de custeio da máquina administrativa, que considera excessivas.

MENSALÃO
Em relação aos parlamentares acusados de envolvimento com o mensalão e com a máfia das sanguessugas, disse que é favorável à cassação do mandato e à responsabilização criminal dos que tiverem comprovada responsabilidade.

AUSÊNCIA NO SENADO
Negou que tenha faltado a 52% das votações, conforme reportagem da Folha. Atribuiu sua alta abstenção em votações ao fato de o Senado votar grande número de matérias que considera irrelevantes, como nomes de embaixadores. Alegou que esteve presente à votação de todas as matérias importantes, como a reforma da Previdência, a reforma tributária e a Lei de Falências.

PROPAGANDA
Caso se eleja, Cabral Filho disse que não fará propaganda institucional. "Vou mudar o foco do conceito de publicidade no Estado. Acho uma barbaridade [a forma como se faz a publicidade oficial hoje]. Isso vale para âmbito federal, estadual e municipal. Assim não dá." O senador disse que "propaganda tem que ser conscientização, campanha em relação ao respeito à mulher, ao respeito ao idoso, à questão de saúde pública, das drogas, o respeito às minorias, a civilidade, a questão do trânsito, o respeito à limpeza das cidade". "Eu tenho esse compromisso. Nossa publicidade não terá samba-exaltação em momento algum. Acho até que o povo já está cansado desse tipo de samba-exaltação."

IDEOLOGIA
"Social democrata." Assim se definiu ideologicamente o candidato sabatinado. Ele disse que defende o mercado, mas que não abre mão da figura do Estado regulador. "O Estado tem o seu papel de gestor direto na educação, na saúde, na segurança e na atração de setores privados para parcerias." Ele contou que começou na política no "velho PCB". "O Partidão, que foi uma bela escola de formação política." Passou para o MDB e depois para o PSDB. Anos depois, voltou ao PMDB.

PATRIMÔNIO PESSOAL
O candidato a governador do PMDB não quis se estender sobre a casa de veraneio em Mangaratiba (a 70 km do Rio). Ele declarou à Justiça que a casa vale R$ 200 mil. "Quando decidir vendê-la eu te procuro. Não pretendo vendê-la, mas se decidir, vou te procurar", disse ao autor da pergunta.
Pressionado a falar sobre o imóvel, que valeria bem mais, ele decidiu encerrar a conversa sobre o tema: "Não tenho nada a falar sobre esse assunto".


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