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Assembléia arquiva ação contra líder tucano
Relator fala em "inexistência de fato concreto" contra deputado Bragato, que se licenciou da liderança do PSDB em julho
Contrariando a decisão do PT, o presidente do conselho, Hamílton Pereira, único representante da oposição, votou pelo arquivamento
DA REPORTAGEM LOCAL
Composto em sua maioria
por integrantes da base governista, o Conselho de Ética da
Assembléia Legislativa de São
Paulo arquivou ontem, por
unanimidade, processo destinado a investigar o envolvimento do deputado Mauro
Bragato (PSDB) em possíveis
irregularidades na CDHU
(Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).
Bragato é líder licenciado da
bancada do PSDB na Alesp.
Em seu relatório, o deputado
Davi Zaia (PPS) alegou que a
documentação encaminhada
pela Procuradoria-Geral de
Justiça do Estado só os convenceu "da insubsistência da causa, posto que revela a inexistência de fato concreto, de elemento idôneo capaz de justificar
oferecimento de denúncia".
Questionado por que não recomendou aprofundamento da
investigação, Zaia alegou que o
Ministério Público busca provas contra Bragato há seis meses e acrescentou: "Não é nosso
papel investigar deputado".
Numa comissão em que oito
dos nove integrantes compõem
a base governista, a surpresa ficou por conta do presidente do
conselho, o petista Hamilton
Pereira. Único representante
da oposição, Pereira fez questão de manifestar seu voto - só
necessário em caso de desempate - pelo arquivamento da
denúncia apresentada pelo seu
próprio partido e pelo PSOL.
Contrariando orientação do
PT - de levar o caso adiante -
Pereira encerrou a reunião, de
pouco mais de meia hora, afirmando que aquele era um resultado justo.
Ao justificar sua decisão, Pereira disse que o fato de o PT ser
rigoroso não o credenciava "a
ficar inventando coisas contra
um deputado".
"Não há como encontrar o
que não existe nos autos. Não
há substância comprobatória
da culpa do deputado", afirmou
Pereira, admitindo que este era
um julgamento político.
"Esta é uma casa política.
Não sou promotor. Sou presidente do conselho de ética."
"Seu voto só enalteceu nosso
trabalho", elogiou o deputado
José Bittencourt (PTB), um
dos defensores de Bragato em
plenário.
O líder do PT, Simão Pedro,
disse não ter sido informado
por Pereira sobre sua decisão.
Ele afirmou que insistirá na
instalação de uma CPI sobre a
CDHU. Segundo o deputado
Rui Falcão, Pereira deverá falar
hoje à bancada do PT.
Investigado pelo Ministério
Público sob a suspeita de ter recebido dinheiro de uma empresa contratada para a construção de casas populares no Estado, Bragato - que ocupou a secretaria estadual de Habitação,
da qual também foi subsecretário - é líder da bancada do
PSDB na Alesp. Mas pediu licença para se defender.
Embora estivesse ontem na
Alesp, Bragato não assistiu à
sessão. Procurado pela Folha,
não quis comentar a decisão.
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