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Voto de Renan barra pedido de processo contra Argello
Senador do DF é acusado de intermediar venda de terreno valorizado por lei de aliados
Decisão da Mesa Diretora foi tomada por 3 a 2; autor da representação, PSOL deve recorrer ao Supremo para que investigação seja feita
FERNANDA KRAKOVICS
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com o voto de desempate do
presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), a Mesa
Diretora da Casa arquivou ontem o pedido de abertura de
processo, por quebra de decoro,
contra o senador Gim Argello
(PTB-DF). Prevaleceu o argumento de que as denúncias de
corrupção seriam anteriores ao
exercício do mandato.
Autor da representação, o
PSOL pretende recorrer ao
STF (Supremo Tribunal Federal) para assegurar que o Conselho de Ética do Senado investigue o caso. Argello assumiu a
vaga no mês passado, depois
que o senador Joaquim Roriz
(PMDB-DF) renunciou ao
mandato para escapar de um
processo de cassação.
"É uma decisão lamentável e
vai contra o desejo de de apurar
denúncias graves contra um senador. Estamos aguardando a
manifestação oficial da Mesa e
não descartamos entrar com
uma ação no Supremo", disse o
senador José Nery (PSOL-PA).
A decisão da Mesa foi tomada
por 3 a 2 e houve duas abstenções. Além de Renan, votaram
pelo arquivamento os senadores Papaléo Paes (PSDB-AP) e
Efraim Morais (DEM-PB). Já
os senadores Álvaro Dias
(PSDB-PR) e Tião Viana (PT-AC) pediram a abertura de processo. Os senadores Magno
Malta (PR-ES) e César Borges
(DEM-BA) se abstiveram.
Com a decisão, Renan garantiu ao menos um voto a seu favor no plenário. A Mesa arquivou o pedido de abertura de
processo contra Argello 34 dias
após ter recebido a representação do PSOL. Cabe ao presidente do Senado convocar a reunião desse colegiado.
Renan enfrenta três processos no conselho por quebra de
decoro. É acusado de ter despesas pagas por um lobista, de ter
comprado empresas de comunicação, por meio de laranjas,
com dinheiro de origem desconhecida e de ter beneficiado a
cervejaria Schincariol em troca
de vantagens pessoais.
Argello é acusado de intermediar a venda de um terreno,
em Brasília, que teve valorização de R$ 72 milhões graças a
uma lei aprovada por seu grupo
político na Câmara Distrital. A
venda teria beneficiado empresa ligada a Nenê Constantino,
presidente do Conselho de Administração da Gol. Argello e
Roriz são suspeitos de ter recebido R$ 2,2 milhões em propina nessa operação. Eles negam.
Argello ainda foi citado em
2002 como beneficiário de propina, foi investigado por grilagem de terra, é acusado de causar prejuízo milionário à Câmara Distrital e de ter participado de fraude na aprovação de
leis de regularização fundiária
enquanto presidia a Casa.
Renan aproveitou a reunião
para criticar as representações
de PSOL, DEM e PSDB contra
ele, embora tenha afirmado
que os processos no conselho
são uma oportunidade para ele
se defender. Renan não participou das reuniões da Mesa que
trataram de seu caso.
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