São Paulo, quarta-feira, 22 de agosto de 2007

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Voto de Renan barra pedido de processo contra Argello

Senador do DF é acusado de intermediar venda de terreno valorizado por lei de aliados

Decisão da Mesa Diretora foi tomada por 3 a 2; autor da representação, PSOL deve recorrer ao Supremo para que investigação seja feita

FERNANDA KRAKOVICS
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com o voto de desempate do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a Mesa Diretora da Casa arquivou ontem o pedido de abertura de processo, por quebra de decoro, contra o senador Gim Argello (PTB-DF). Prevaleceu o argumento de que as denúncias de corrupção seriam anteriores ao exercício do mandato.
Autor da representação, o PSOL pretende recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para assegurar que o Conselho de Ética do Senado investigue o caso. Argello assumiu a vaga no mês passado, depois que o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) renunciou ao mandato para escapar de um processo de cassação.
"É uma decisão lamentável e vai contra o desejo de de apurar denúncias graves contra um senador. Estamos aguardando a manifestação oficial da Mesa e não descartamos entrar com uma ação no Supremo", disse o senador José Nery (PSOL-PA).
A decisão da Mesa foi tomada por 3 a 2 e houve duas abstenções. Além de Renan, votaram pelo arquivamento os senadores Papaléo Paes (PSDB-AP) e Efraim Morais (DEM-PB). Já os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Tião Viana (PT-AC) pediram a abertura de processo. Os senadores Magno Malta (PR-ES) e César Borges (DEM-BA) se abstiveram.
Com a decisão, Renan garantiu ao menos um voto a seu favor no plenário. A Mesa arquivou o pedido de abertura de processo contra Argello 34 dias após ter recebido a representação do PSOL. Cabe ao presidente do Senado convocar a reunião desse colegiado.
Renan enfrenta três processos no conselho por quebra de decoro. É acusado de ter despesas pagas por um lobista, de ter comprado empresas de comunicação, por meio de laranjas, com dinheiro de origem desconhecida e de ter beneficiado a cervejaria Schincariol em troca de vantagens pessoais.
Argello é acusado de intermediar a venda de um terreno, em Brasília, que teve valorização de R$ 72 milhões graças a uma lei aprovada por seu grupo político na Câmara Distrital. A venda teria beneficiado empresa ligada a Nenê Constantino, presidente do Conselho de Administração da Gol. Argello e Roriz são suspeitos de ter recebido R$ 2,2 milhões em propina nessa operação. Eles negam.
Argello ainda foi citado em 2002 como beneficiário de propina, foi investigado por grilagem de terra, é acusado de causar prejuízo milionário à Câmara Distrital e de ter participado de fraude na aprovação de leis de regularização fundiária enquanto presidia a Casa.
Renan aproveitou a reunião para criticar as representações de PSOL, DEM e PSDB contra ele, embora tenha afirmado que os processos no conselho são uma oportunidade para ele se defender. Renan não participou das reuniões da Mesa que trataram de seu caso.


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