São Paulo, sábado, 22 de agosto de 2009

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Planalto diz que não há registro de visitas do fim do ano passado

Imagens são apagadas a cada 30 dias, segundo governo, e com isso será impossível comprovar reunião que Lina diz ter tido com Dilma

Gabinete de Segurança diz que não há também lista com nomes de autoridades; Demóstenes afirma que "estão mentindo de novo"

SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo informou ontem que não há imagens, registros de placas de carros nem de autoridades que estiveram no Palácio do Planalto no final do ano passado.
Com isso, segundo nota do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), será impossível provar as afirmações da ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira de que participou de encontrou reservado com Dilma Rousseff no final de 2008.
Na ocasião, segundo Lina, a ministra da Casa Civil lhe pediu que concluísse rapidamente investigação do fisco nas empresas da família de José Sarney (PMDB-AP). Dilma nega.
O GSI diz que o período médio de armazenamento das imagens do circuito interno é de 30 dias. Depois, novas imagens são gravadas por cima, como prevê o contrato de 2004 com a empresa de segurança.
Em depoimento, Lina disse que entrou pela garagem subterrânea, apresentou-se a um vigilante na porta do elevador e teve acesso liberado.
Segundo o GSI, o órgão responsável pela segurança do Planalto também não faz uma lista de placas e pessoas que têm ou tiveram acesso ao local.
No caso dos carros que acessam a garagem com autoridades ou convidados, é feito apenas um reconhecimento visual. O motorista que atendia Lina na Receita, Warley Soares, afirmou, em entrevista ao jornal "O Globo", que levou a ex-secretária ao Palácio do Planalto em diversas oportunidades.
Parte-se então para a segunda fase do controle: quando o visitante é ministro, deputado ou senador, é dispensado de credencial, tendo autorização imediata para acessar o prédio.
Quando não há audiência agendada, o convidado recebe um adesivo que lhe dá acesso. Mas, segundo o GSI, não existe lista, só uma anotação com o nome da pessoa e qual órgão a receberá, que não é guardada.
O terceiro caso de entrada pela garagem é quando o visitante não tem agendamento prévio ou o aviso não foi enviado ao subsolo. A consulta é feita por telefone e, se autorizado, o visitante recebe o adesivo.
Há um único caso de registro de nomes: quando o convidado ou a autoridade entram acompanhados por um assessor. O nome desse assessor é anotado. Nessa lista, o GSI diz que "não foi encontrado o nome de Lina Vieira" nos meses de novembro e dezembro de 2008. Porém, ela diz ter ido sozinha.
Há dez dias, o GSI deu resposta à Folha que diverge das explicações: "A divulgação solicitada esbarra na necessidade de ser preservado o direito de privacidade, seja dos visitantes, seja das autoridades ou outros agentes públicos visitados".
Após a divulgação da nota ontem, a oposição disse que vai pedir explicações ao ministro do GSI, general Jorge Felix. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse, em entrevista ao "Jornal Nacional", que, se as declarações forem verdadeiras, o presidente Lula "corre sérios riscos" e "deveria demitir todo mundo". "Estão mentindo novamente, com o único objetivo de não enfrentarem as declarações de Lina Vieira."



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