São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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Tucanos fazem lobby em nomeações

DA REPORTAGEM LOCAL

As indicações para desembargadores do TRF3 recebem recomendações do deputado Paulo Kobayashi (PSDB-SP), coordenador da bancada parlamentar paulista com presença naquela Corte.
Na posse do desembargador Johonsom Di Salvo, Kobayashi teve direito a assento na mesa principal, ao lado do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). Ele foi cumprimentado pelo apoio à recém-nomeada desembargadora Consuelo Yoshida, que teve Wilma Motta, viúva do ex-ministro tucano Sérgio Motta, como "madrinha", e pelo apoio de Scartezzini.
Amiga de Fernando Henrique, Wilma Motta disse à Folha que não pediu a nomeação de Consuelo: "Sou solidária com todas as mulheres, trabalho pelas mulheres tucanas, fui à posse dela. Mas a escolha é uma homenagem à colônia nipônica e o reconhecimento do trabalho das mulheres".
Ex-procuradora da República, Consuelo foi escolhida em lista tríplice e foi a mais votada pelos colegas do Ministério Público Federal. Ela tem "não somente um histórico limpo, mas brilhante", saudou a desembargadora Sylvia Steiner, em nome do tribunal.
Consuelo é conselheira do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, organização sem fins lucrativos cujo conselho é presidido por Jacques Marcovitch, secretário de Planejamento do governo Alckmin (PSDB).
Di Salvo e Consuelo juntam-se a três desembargadores identificados com Scartezzini: Carlos Muta (ex-assessor do ministro Ilmar Galvão, no STF, veio ocupar a vaga de Scartezzini no TRF3), Mairan Maia e Fábio Prieto (Maia e Prieto receberam o apoio de Scartezzini na presidência do TRF3).
As nomeações de juízes com currículos respeitáveis renovam um tribunal desgastado com a investigação pelo STJ de dois desembargadores, Roberto Haddad e Paulo Theotonio Costa, por suspeitas de falsificação de documentos e enriquecimento ilícito.
Alguns advogados entendem que as escolhas reforçam o prestígio de Scartezzini, mas não garantem proteção a ex-governantes.
Para a procuradora Ana Lúcia, "assim como acontece no TCU, no STJ, no TSE e no STF, a nomeação pelo presidente é uma decisão política, não no melhor sentido do termo. Vale a pressão do grupo mais influente, que esteja a merecer alguma retribuição de quem tem o poder de nomear", afirmou. (FV)


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